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Contos-->O Colar de Perolas -- 22/06/2009 - 17:13 (Marlene Bernardo Cerviglieri) |
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O Colar de Pérolas
Marlene B. Cerviglieri
Era uma mulher muito alta e magra.
Levando pela mão, uma menina de mais ou menos uns três anos de idade.
Sabia que iam condená-la à morte, e que a criança estava com as calças cheias de fezes.
A casa era muito antiga, com um corredor extenso, de forro muito alto na cor bege.
Chegando a sala, havia várias pessoas todos amontoados.
Em meio a tudo isto, no chão estavam pacotes e malas e no meio,
Pérolas de um colar rolavam.
A menina ali foi deixada com outra mulher, clara de cabelos encaracolados.
Eu sabia que eles matavam as crianças.
Todos as mantinham dentro de casa, e as mulheres grávidas se escondiam nunca se deixavam ver.
Nesta confusão alguém dizia:
Ele mantém o filho naquele quarto, no fim do corredor.
Sabe como escuta o menino tocar piano?
Ele conta as teclas e mentalmente vai ouvindo a música lá da rua.
De repente, entrou um homem, alto com roupa preta , camisa branca ,forte cabelos também pretos e foi direto para aquele quarto.
Senti um desespero, sabia que ele iria matar o menino.
Que impotência!
Quando o vi saindo do quarto correndo pelo corredor,
Eu o fiz cair ao chão.
Ele ainda no desespero, tentava reunir papéis, que trouxe daquele quarto.
Pisei num deles, era cor de rosa,apanhei-o,gotas de sangue apareciam.
Que fazer?
Que horror!
E então ouvi o piano num som melodioso, invadindo meu ser.
Minha alma flutuava me senti banhada de força e luz.
A alegria me preenchia, era como se a brisa soprasse sobre mim, numa noite quente de verão.
O baque!
O barulho, de repente desperto, me vi banhada de lágrimas, com o coração galopando.
A sala às escuras, o sol no horizonte se escondendo, vermelho como uma bola de fogo.
O som, o som divino vinha do andar de cima, a melodia suave, seis horas a Ave Maria.
Em minhas mãos apenas o colar de pérolas, arrebentado, desfeito e o resto espalhando-se pelo chão.
O suor corria em minha testa, minhas mãos molhadas, meu corpo doído, no que foi apenas um tumultuado sonho.
No fim de um cochilo de verão.
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