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Contos-->O velório! -- 14/07/2009 - 20:56 (Antonio Accacio Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O velório
Antonio Accacio Talli

Faleceu um parente com quem eu não mantinha contato havia mais de dez anos. Resolvi, junto com um cunhado, me solidarizar com o sofrimento da família comparecendo ao velório com intenção de acompanhar também o enterro.

Após uma viagem de 70 km, chegamos ao velório que se localizava ao lado do cemitério.

Entramos na sala em que o corpo estava sendo velado e, estranhamente, observamos que não conhecíamos ninguém dentre os poucos presentes.

Chegamos, eu e o meu cunhado, perto do caixão, onde permanecemos uns dez minutos com cara de tristeza, desolados, ameaçando derramar, inclusive, algumas lágrimas. Era um olhar para o outro e balançar a cabeça negativamente como que não acreditando naquela morte inesperada e prematura (o nosso parente falecido tinha mais de 80 anos).

Em seguida, sentamos ao lado do caixão e lá permanecemos por mais de uma hora, embora continuássemos a não reconhecer nenhum parente dentro daquela sala.

Pensando em tomar um café e aguardar do lado de fora a hora do enterro, iniciei conversa com um homem que isoladamente fumava no corredor. Perguntei ao desconhecido:
“O senhor é parente do falecido? Coitado, ele está muito inchado e, com os cabelos compridos, ele ficou irreconhecível”.

Ele olhou para mim e, entre uma baforada e outra de fumaça, respondeu:
“Meu amigo, o senhor deve estar enganado. Sou amigo e vizinho da falecida, portanto quem morreu foi uma mulher e não um homem, não está inchada, sempre foi muito gorda e os cabelos compridos ela sempre os teve. A sua religião proíbe o corte de cabelo. Os senhores estão no velório errado. Do outro lado está havendo um outro velório, deve ser lá”.

De fato, no lado oposto encontramos um aglomerado de pessoas todas elas nossas conhecidas e, enfim, tivemos a oportunidade de externar os nossos sentimentos e ensaiar novamente a mesma cara de sofrimento e dor. No entanto, foi uma alegria constatarmos que aquele era, sem sombra de dúvida, o nosso defunto. Por muito pouco, pelo nosso erro inicial, quase perdemos o enterro certo.

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