A chuva veio e ensopou a minha terra.
A flora se alegrou, as flores se abriram e eu me agasalhei com medo de gripar.
Trovões ribombavam e rasgavam o céu, e produziam relâmpagos formidáveis, fazendo com que as pessoas tremessem de pavor.
De repente, um grito.
A curiosidade da população de imediato dirigiu-se àquela cena fantástica de um ser carbonizado que jazia dentro de uma casa de madeira, completamente em chamas.
Um trovão raivoso havia arremessado o seu raio logo na direção da casa do administrador da fazenda que, por bocas diversas, se dizia tratar-se de um indivíduo desaforado que não alimentava o mínimo respeito pelo povo daquela aldeia.
Num gesto solidário, os aldeões reuniram-se e, com grande júbilo, comemoraram aquele dia pelos benefícios que a chuva Ihes proporcionara, como também, pela destruição daquela coisa inanimada que ali jazia e que, há pouco, houvera sido um homem que semeara ódio e terror entre aqueles nativos.
No final, quando surgiam os primeiros raios do sol, após a tempestade, os pássaros começaram timidamente a sair de seus esconderijos, trilando melodias de beleza inenarrável.
Eu, também, me livrei do meu agasalho e nunca mais esqueci tamanho espetáculo.
É por isso que. toda vez que chove, eu sinto como se uma mão forte e ousada apertasse e sufocasse o meu coração.