Um colega é assaltado em seu consultório e leva um tiro à queima-roupa na nuca. Entra no hospital em choque, é operado e milagrosamente se salva.
Infelizmente, ficam algumas seqüelas e uma delas é a perda do olfato, devido à destruição pela bala do osso etmóide, fossas nasais e inervação.
Contei em minha casa como o assalto tinha ocorrido e que o doutor ficara, como conseqüência, sem a capacidade de sentir qualquer cheiro.
Depois de alguns dias, meu filho, com apenas seis anos, numa noite fria, foi dormir e, após deitar, deu um salto e muito bravo chegou para a mãe e falou:
“O cachorro cagou no cobertor e o cheiro está muito forte. Eu não agüento!”.
Passados alguns minutos, após minha mulher trocar a roupa de cama e o cobertor, meu filho, agora mais calmo, falou:
“Se eu fosse o doutor amigo do meu pai, que foi baleado naquele assalto, a essas alturas eu estava fo...”.
O ARCO
Antonio Accacio Talli
A gestante, já anestesiada, e o cirurgião-obstetra, Dr. Mendes, iniciando a assepsia, dirige-se para a enfermeira de sala, que estava começando naquele dia suas atividades como auxiliar de enfermagem naquele hospital, e fala:
“Coloque o arco na cabeça da gestante”.
Para os leigos: o arco é uma haste metálica, em forma de U invertido, móvel, que é fixada na mesa cirúrgica e posteriormente é coberta pelos campos esterilizados, após o término da assepsia, fazendo com que a paciente não enxergue o ato cirúrgico.
Notando a auxiliar de enfermagem confusa e indecisa, Dr. Mendes, já irritado com a demora, volta a falar:
“Coloque logo o arco na cabeça da paciente”.
A moça não tem dúvida. Rapidamente pega o litro de álcool e joga o conteúdo em cima da cabeça da gestante.
Dr. Mendes, surpreso e espumando de raiva, começa a gritar:
“Sua burra, eu falei para você colocar o ‘Ar...co’ e não o ‘Álco...oooolll’”.
Não é necessário frisar que aquele foi o primeiro e também o último dia daquela inexperiente auxiliar de enfermagem naquele hospital.