Noite fria, plantão calmo na maternidade, resolvemos dar uma descansada. Nós, estudantes de quinto e sexto anos de Medicina, caímos nas camas, puxamos os cobertores, e torcíamos para que esquecessem da gente.
Quarto escuro, silêncio convidando para um sono profundo.
De repente, as luzes são acesas e uma voz aveludada se faz ouvir:
“Quem está deitado na cama do médico-chefe?”.
É interessante frisar que o médico-chefe era um recém-formado, filho de papai rico, mania de chefose, chato, magrinho e intragável.
Novamente, agora gritando e fazendo ameaças:
“Quem está deitado na cama do médico-chefe?”.
Fez-se um silêncio por uns segundos e, de repente, uma voz agora grossa e máscula, vinda debaixo de um cobertor, soou:
“Vai tomar no seu...!”.
QUEM SERÁ?
Antonio Accacio Talli
Em outro plantão, na maternidade, após um dia de muito trabalho, os plantonistas exaustos foram descansar.
Já estavam dormindo quando uma enfermeira bate na porta e chama:
“Doutor Melkonn, sala de parto, com urgência!”.
Como não houve resposta, a enfermeira, após dez minutos, retorna ao quarto e chama, num tom tenso e preocupado:
“Dr. Melkonn, a paciente está sangrando muito”.
Nesse instante, relutante, uma cabeça sai debaixo de um lençol e pergunta:
“Ô, enfermeira, você está chamando o Dr. Melkonn... de quê?”.
Provavelmente, com aquele nome só existia um no mundo todo, ele!