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Contos-->A MODA DA GANGUE -- 20/04/2001 - 04:29 (Mauro Miyashiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nunca vou esquecer a crítica de um amigo meu fez sobre a juventude da atualidade. Foi numa tarde tranqüila de domingo, na praça da pequena cidade onde eu morava, que ele criticou à extravagante moda da juventude de hoje em dia.
Como era numa tarde de domingo e não tinha nada para fazer, eu e meu amigo gastávamos nosso tempo conversando distraidamente sobre diversos assuntos pouco importante, como esporte ou notícias que eram manchete em jornais sensacionalistas.
Este meu amigo era um carcereiro de uma qrande e perigosa cadeia. Quando ele ficava de folga eu costumava fazer companhia a ele nas tardes de domingo naquela tranqüila praça. As vezes ele me contava alguns acontecimentos curiosos que ocorriam na cadeia onde ele trabalhava, alguns acontecimento triste também como rebeliões e linchamentos. Enfim ele contava tudo o que acontecia com os presidiários, presos naquele mundo estreito e cercado com grades de metal.
Naquela tarde trnqüila de domingo converversávamos distaidamente sobre futebol, sobre as partidas que aconteceram no sábado e as que iriam acontecer naquele domingo.
Até o momento em que apareceu um grupo de jovens na praça. Eram todos quase da mesma idade, de dezesseis a vinte anos mais ou menos. Os primeiros que chegaram sentaram num banco a mais ou menos vinte metros de distância de onde eu e meu amigo estávamos sentados. Os que chegaram depois ficaram de pé ao redor do mesmo banco.
No momento em que aqueles jovens apareceram, o meu amigo interrompeu a conversa e pediu para que eu observasse o comportamento daqueles jovens.
- Observe aqueles rapazes! Repare nas roupas que eles vestem e no modo como eles se comunicam.
Fiz exatamente o que ele mandou. Por alguns minutos prestei o máximo de atenção na conversa daqueles jovens. Também observei o traje que eles vestiam - realmente eram bastante extravagante.
Um deles vestia uma uma camisa escura meio acinzentada, uma bermuda bastante larga e muito comprida a ponto de ultrapassar o joelho, calçava um par de tênis preto, meias brancas e curtas.
Um outro que me chamou a atenção foi um rapaz que vestia uma bermuda apenas, estava sem camisa, descalço com os pés absolutamente nus, como ele não vestia camisa foi possível ver uma enorme tatuagem estampada no braço direito.
Quanto ao restante da turma, dois rapazes vestiam boné, um deles vestia o boné com a alça virada para trás. O mais calado era um rapaz moreno, usava uma toca e uma camisa preta, uma calça branca e muito larga.
Além dos trajes reparei também no diálogo, usavam expressões que somente garotos da idade deles entendiam.
Expressões como "pode crê", "a mina é mor broto" e muitas outras cheias de gírias cuja algumas delas saem rapidamente da moda, são como coisas descartáveis que usamos por pouco tempo e depois de usadas as jogamos fora.
O diálogo deles não saia da monotonia, era sempre as mesmas gírias que se repetiam a cada minuto. No meio deste diálogo havia um rapaz que participava mais da conversa, falava alto, ria de qualquer coisa, assobiava para qualquer garota que passava perto da praça, falava sobre diversos assuntos mas sempre usando as mesmas e monótonas gírias. Naquele momento, ele e o restante da turma conversavam sobre o baile de ontem e os acontecimentos que nele ocasionaram. Eram as brigas e encontros com garotas os acontecimentos mais comentado. E depois mudaram de assunto para falar de música.
A preferência por música dividia a turma em três grupos, alguns gostavam de pagode, outros de funk, e de rock. No meio desta conversa, o rapaz mais participativo começou a cantar um trecho de uma música aparentemente funk, que eu nunca tinha ouvido antes, cuja letra com todo o vocabulário de malandro, Apenas falava de favelas, garotas, drogas e violência.
- É um trecho de uma música funk mais preferida pela maioria dos presidiários da penitenciária onde eu trabalho. Informou-me o carcereiro e no momento em que a turma baixou o tom da voz ele continuou. Acho que neste exato momento eles estão conversando sobre drogas, eu conheço perfeitamente o assunto quando ele é ilícito. Para serem discretos eles conversam em voz baixa para que ninguém perceba isso. É um tipo de comportamento muito parecido com o dos presidiários.
As observações do carcereiro pareciam estarem corretas realmente. Um deles que estava de pé falava em voz bem baixa e constantemente gesticulava com as mãos no momento em que falava.Enquanto que o restante da turma ouvia a conversa com muita atenção.
- Não só no comportamento e também em quase tudo, nas roupas que eles vestem, no modo deles se expressarem cheio de gírias. Enfim, em quase tudo esses rapazes se parecem como uns verdadeiros presidiários.
Depois de uma pequena pausa o carcereiro terminou esta crítica com uma simples comparação.
- É meu amigo! Está parecendo que a moda agora é vestir e se comportar como um verdadeiro presidiário.
Realmente o meu amigo carcereiro estava certo, aqueles rapazes copiavam em quase tudo o modo de viver dos presidiários. Encontraram no comportamento e no modo de se vestr dos presos uma forma de auto identificação.
O intersante era que nenhum deles tinha passagem pela polícia ou algum tipo de processo. Eram jovens de famílias pobres, embora alguns deles eram de classe média, eram pessoas que ainda podiam sonhar com uma vida melhor que a do presente momento. Mas escolheram a moda dos presidiários como a ideal.
E assim era a moda da juventude desta época, do ano de 1999, já próximo de um novo século, e de um novo milênio. Os anos se passam e a moda muda. A cada ano inventam algum tipo de moda, a cada ano entra e sai uma moda. A moda muda, o que nunca vai mudar é a vontade das pessoas de estarem sempre na moda de seu tempo.
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