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Contos-->MINHA QUERIDA ALMA GÊMEA -- 26/10/2009 - 11:33 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
– Você acredita em alma gêmea?
– O quê?
– Perguntei se acredita em alma gêmea.
Ora, Rodolfo! Pra lá com essa conversa descabida.
Rodolfo é um amigo de infância que, depois de trinta anos, voltamos a nos encontrar. Quase que não o reconhecia mais. Aos quarenta e cinco, apresentava os cabelos totalmente brancos, algumas rugas na testa, mas, irradiava a mesma vivacidade dos velhos tempos.
– Pois é, amigo – ele continuou – Vou contar-lhe a minha história de amor. Depois, você exporá a sua opinião sobre minha pergunta.
– Tudo bem. Sou todo ouvidos.
– O nome dela é Jane. Jane sempre falava na terceira pessoa para mim. “Ela tava com saudade”. “Ela se preocupa com você”, dizia-me.
Quando nos conhecemos, tinha eu vinte e dois anos e Jane, dezessete. Eu não a amava como ela merecia, mas ela inventou de apaixonar-se por mim. Fiquei lisonjeado e triste ao mesmo tempo por não poder retribuir-lhe essa sua dedicação.
Casei-me com outra.
Jane, mesmo sofrendo com minha atitude, conservou-me um carinho tão expressivo, que imaginei fosse ela a minha alma gêmea.
O tempo passou e, com o tempo, percebi que não era feliz com a mulher que se tornou mãe dos meus três filhos.
Encontrava-me com Jane, ela sorria de regozijo e sempre eu escutava a velha pergunta: Estás feliz? Eu desconversava e nada lhe respondia.
Separei-me de minha mulher.
Conheci Olga, e achei que era a mulher ideal para mim que vivia sempre à procura de alguém que me completasse. Para mim, Olga era tudo aquilo que eu queria. Nela residia a realização total da minha vida.
Quando Jane tomou conhecimento do meu romance não demonstrou nenhum ressentimento, pelo contrário. Simplesmente comentou: Ela fica contente em saber que você está feliz, e deseja conhecer essa mulher que conseguiu arrebatar o seu coração.
Ao conhecê-la, na despedida, Jane comentou: Espero que vocês se completem e sejam venturosos.
Depois, eu quis saber o que ela achou daquela mulher. Ela disse: Quer mesmo saber? Eu fiquei calado, e ela insistiu na pergunta. Concordei com um “sim”. Com o seu olhar acalorado, fitou-me bem nos olhos e assim falou: Essa não é a mulher ideal para você. Seu espírito é completamente vazio, e não vai conseguir completá-lo.
Não levei em consideração o seu julgamento, e continuei o meu romance com Olga.
Rodolfo fez uma pausa no seu discurso, e ficou pensativo por uns instantes. Depois, deu um suspiro profundo e continuou:
– Jane não me convidou para o seu casamento. Depois de dois anos que fiquei com Olga, ela conheceu um rapaz, com ele engravidou, e então se casaram. Não consigo explicar por que senti um surto de ciúme ao tomar conhecimento do fato. Por que haveria eu de ter ciúme de Jane? Fiquei intrigado comigo mesmo. Mas, na verdade, era um ciúme inexplicável, doloroso.
Durante uns quinze dias, eu não conseguia tirá-la do pensamento: Jane grávida. Jane casada. Impossível.
O tempo passou. Três anos após, não lembro em que circunstância, encontrei-me com Jane, a filha e o marido. O homem já se me tornara repulsivo. À parte, ela me perguntou: Que achou dele? Respondi-lhe com reticências: É!...
Ela ficou sem graça, e aí despedimo-nos, ficando eu com certo mal-estar. Voltei para Olga, ela seguiu adiante acompanhada do marido e da filha.
Mais tarde, constatei que o meu relacionamento com Olga não era sadio, e resolvemos nos separar. Fiquei só, mais uma vez.
Por quase um ano, Jane não soube da minha separação. Quando chegou a saber, pôs a mão em meu ombro e disse baixinho: bem perto do meu ouvido: Meu amigo!...
Perguntei-lhe: É feliz? Ela sorriu um sorriso azedo e devolveu-me a pergunta: É feliz? Mais uma vez desconversei. Pegou minha mão, e assim saímos caminhando pela praia.
Rodolfo terminou de narrar sua história, e comentou:
– Agora sinto que sempre a amei, meu caro Luigi. Só que nunca levei em consideração este sentimento. Mas ainda não perdi a esperança de findar meus dias com ela.
E eu disse:
–Vou torcer por você, Rodolfo. Pode ter certeza. Espero que consiga o melhor.

Rodolfo foi embora, e mais um longo tempo nos separou. No intervalo de vinte anos, aconteceram muitas coisas que passo a descrever resumidamente.
Mais três casamentos na vida de Rodolfo com o mesmo desfecho.
Jane foi acometida por um câncer, e chegou a falecer, dois anos atrás.
No momento em que Rodolfo fora visitá-la, num instante de lucidez, ela fitou-o ternamente e balbuciou:
– Adeus, Rodolfo.
Ele não pôde evitar uma lágrima que escorreu pelo seu rosto.
– Adeus, Jane.

Agora, acabo de receber a notícia da morte de Rodolfo. Morreu só, separado daquela que julgou ser sua alma gêmea. Eu fiquei atrapalhado com essa história.
“Você acredita em alma gêmea?”
Eis a questão: Você acredita?
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