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Contos-->MEU NOME É CACAU! -- 02/11/2009 - 00:35 (Cora Maria) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu nome é Cacau!

http://www.youtube.com/watch?v=cbQZR-CniKg.

História Verídica

Até ontem eu não tinha nome...
Nem dono e nem uma casa
Eu dormia ao relento, na chuva e no vento
Eu morava no lixão, lá onde descarregam caminhões.
Eu ficava lá rasgando os sacos, com um bando de amigos procurando por comida
Eu fui muito chutado, atropelado, ignorado...
Meu corpinho guarda todas as cicatrizes da minha triste vida...
Minha patinha traseira apóia pouco no chão, reflexo de minha condição.
Muito dos meus amigos morreram soterrados no lixão
Lá é assim, os caminhões chegam e descarregam a caçamba em cima de todos nos, e salve-se quem puder...

Um dia destes eu estava lá e alguém me agarrou fortemente
Acho que foi a primeira vez que eu senti o que era estar nos braços de um ser humano...
Eu não ofereci resistência, já estava cansado, pedindo clemência...
Me levaram para um lugar que tinha muitos e muitos cães, e me deram água e comida, e me ajeitei por ali
Éramos em muitos, mas eu me senti abrigado e mais seguro, já me sentia cuidado, amado.

Tomei banho, um banho que não era de chuva, um banho que me livrou das centenas de pulgas que eu portava
Foi uma sensação que eu jamais tinha experimentado...
No dia seguinte me colocaram dentro de um carro, em uma gaiolinha, junto com outros, e eu estava assustado...
Paramos dentro do estacionamento de um super mercado e alí armaram varias cercados, e eu fui colocado lá dentro
As pessoas passeavam a nossa volta, alguns curiosos, outros com olhar de piedade, outros nos examinando atentamente
Eu fiquei alí deitado, encolhidinho de medo...

Uma mulher passou, me rodeou, pediu para me tirar do cercado, e me pegou no colo.
Era um colinho quentinho, mas a mulher que me pegou, começou a chorar...
Ela me apertou contra o peito dela, passava as mãos nas minhas costinhas, e chorava muito, eu não entendia bem o porque...

As pessoas que me levaram para lá, rodearam a mulher para ela me adotar
Eu não sabia o que era adotar, só sabia que aquele colinho era tudo que eu queria.
Mas a mulher não parava de chorar...Aí eu olhei pra ela fixamente, meus olhinhos estavam brilhantes, e eu não queria deixar aquele colinho...

Ela dizia para as outras assim: - Eu não posso agora...meu coração ainda esta de luto...Eu não consigo...
Minhas patas agarraram mais nos braços dela...

Ela me colocou de volta dentro do cercado, e eu me encolhi novamente de medo...e fiquei olhando ela se afastar...
Disseram para ela que logo seríamos todos recolhido, a feirinha estava quase encerrando
A Mulher saiu, disse que não era a hora e sumiu...
Mas eu vi, ela entrou dentro de um carro e ficou ali um tempo debruçada no volante

De repente ela retornou e passou pela feirinha, mas eu já estava dentro da gaiola, e dentro do carro pronto para partir
A porta do carro estava quase se fechando

Eu vi pela porta entreaberta a mulher do colinho gostoso, ela estava alí em pé e estática
Olhei para ela mais uma vez, implorei com meu olhar que me tirasse dalí...
Eu rezei!
Ela chorava...Chorava muito....muito....
O pessoal da feirinha voltou a rodea-la, trouxeram água para calma-la
E ela em prantos disse: - Abram a porta, aquele cão é MEU!

Me tiraram da gaiola, e me colocaram no colo dela!
Ela me abraçou, me beijou a cabecinha, me apertou muito e assinou todos os termos de compromisso
Ela perguntou se eu tinha nome...
Disseram que não, afinal eu morava no lixão....

Então de imediato ela me batizou com o nome de Cacau!
Cacau? Perguntaram.
Ela respondeu
- Sim, Cacau será seu nome.
Porque de Cacau são feito os mais doces chocolates
E o MEU CACAU, disse ela, contém a essência Divina!
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E lá vou eu, Cacau e eu!
Que Cacau me ajude a superar a saudades de meu Dumbo que as vezes penso me arrebentar a alma..
Que eu possa ajuda-lo a ter a vida digna que ele merece
Cacau é tímido, e muito manso, e esta aprendendo a confiar
Não conseguimos descobrir sua idade real, mas deve ter em torno de 4 anos ou mais
Mas pouco importa a idade, o passado de Cacau ficou para trás, o que conta são os dias vindouros de um futuro digno de alegria e paz
Cora Maria
27/10/2009
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