A paciente, senhora dos seus 50 anos, é internada no hospital para um tratamento com o cardiologista e também com o neurologista.
O cardiologista faz uma série de exames e recomenda repouso absoluto, acrescentando:
“A senhora não pode levantar-se nem que seja para ir ao banheiro”.
O neurologista, por sua vez, pede vários exames de sua especialidade e, em seguida, a proíbe terminantemente de ficar deitada, dizendo:
“A senhora tem que se movimentar para evitar atrofia nas pernas ou um mal pior”.
Parece que os doutores não estão se entendendo e nem dispostos a chegar a um acordo. Afinal, a doente deita ou levanta?
A paciente não sabia mais o que fazer. Se quando deitada a porta fosse aberta e aparecesse o neurologista, ela levava a bronca e era arrancada quase à força da cama e colocada para andar. Ao sair, o recado assustador:
“Se eu a pegar novamente deitada, procure outro especialista. A senhora está brincando com o risco de permanecer paralisada para a vida toda”.
Se estivesse em pé e a porta fosse aberta pelo cardiologista, era outra bronca e ela era conduzida imediatamente para a cama. Ao sair, o recado era apavorante:
“Se a senhora insistir em permanecer em pé ou movimentando-se, arrume outro cardiologista, pois poderá ter um infarto a qualquer esforço e cair dura”.
A paciente que tinha dois médicos achou que teria que procurar um terceiro – um psiquiatra.
A cabeça estava descontrolada, falava sozinha, ria e chorava ao mesmo tempo, tinha certeza de que estava ficando maluca pressionada pelos especialistas.
Ela criou um verdadeiro ódio da porta, sempre com medo de que aparecesse um dos dois médicos.
Quando estava certa da loucura iminente, teve uns minutos de lucidez e a idéia que deu certo, que resolveu o enigma do deita ou levanta.
Permaneceria semideitada, isto é, cabeça, corpo, bacia e perna esquerda deitados, e em pé ficaria só a perna direita.
Se aparecesse o cardiologista, ela recolheria a perna direita e, beleza – ficaria totalmente deitada.
Se por acaso entrasse o neurologista, já com a perna direita fixa no chão, faria um simples movimento de rotação de 90 graus com o corpo e desceria rapidamente a perna esquerda, ficando totalmente de pé e andando em poucos segundos. Após várias horas de treinamento, colocou em execução o plano mirabolante e o sucesso foi total.
Nos 20 dias que permaneceu internada, esteve sempre calma e alegre, agora elogiada pelos dois especialistas. Nunca haviam tido uma paciente que cooperasse tanto na recuperação de sua doença.
Após a alta, ela outorgou a si mesma o título de especialista e hoje é professora na melhor academia de ginástica da cidade, no exercício do deita-levanta.