Seus olhares eram como punhal, cortava-me a alma,
Fria, penetrante, intensa, suas ações,
Suas palavras pareciam chibatas, que saiam de suas bocas,
Sentia-me pisado, ultrajado, humilhado,
Ali; pude conhecer, na pele, as mazelas que nossos antepassados,
Escravizados, tiveram que suportar,
E posso afirmar, sem a menor preocupação de exagero,
Que também estive lá,
Em um pelourinho, claro em situação hipotética,
Aqueles momentos inesquecíveis, local de habitual freqüência,
Cenário do sofrer, de injustiça, de domínio, de autoritarismo,
Intolerância, onde a inveja e o ódio e todo tipo de preconceito,
Eram alvos principais, nesse teatro de insanidade e crueldades,
Concientes e inconsciente, não importando a ordem,
Carrega em si, a marca da vergonha, dessa cultura de barbari,
Onde só misericórdia de Deus, pede agir e ser a única providencia,
Somente o poder do criador para dar um basta, nestes atos revelados,
E ali; naquele recriado palco, eu estava em cena,
Onde nenhum pecado seria grande bastante para tanto,
Entretanto; fui julgado, condenado, por meus agozes,
Que se viam, no papel, de meus senhores,
A tudo isso custou-me quase a vida!
Hoje sou um farrapo humano, onde o choro é meu fiel companheiro,
Sim, dia após dia.
Sinto-me sob constantes ameaças, (trauma psicológico),
Algemaram-me a este triste episodio,
Por mim vivenciado, por inteiro,
Ainda hoje vivo, se é que posso chamar isto de vida,
Numa peleia desigual,ainda reluz, sobre meu ser,
O horror dos impiedosos e angustiantes, dias de cativeiro.