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Contos-->Contextos da usura. Parte 5. -- 19/02/2010 - 17:48 (Gerson Ferreira da Silva Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Oportunidade; cuidado! Pode não ser um prêmio.


Nerildo, boa pessoa; sorriso largo fala suave. Dedicado e estudioso conheceu levilha logo se encantou. Menina bonita pele clara olhos esverdeados um doce de mulher. Morador de uma cidadezinha do interior fazia faculdade com muito sacrifício baseado em economias e através do crédito educativo. Havia uma incrível dificuldade para se manter. Neste ponto; surge Leogácia mãe de Levilha, o faro para vantagens despertou subitamente atiçado pelo cheiro da presa. Oportunidade para Nerildo, oportunidade para Leogácia! Oportunidades, uma mão lava a outra e as duas seguram o punhal que adentrará as costas da vitima.


Sempre sobrevivendo no limite da penúria, Leogácia viu em Nerildo um genro doutor. Ninguém na sua família tinha alcançado tal proeza. A vida da sua família, e de todos os seus parentes tinha sempre sido dividida entre o árduo trabalho da lavoura e a penosa labuta nas pedreiras, onde se faz a soleira dos nossos umbrais e tantos outros utilitários presentes nas casas com melhor acabamento. Nerildo uma chance de redenção para as futuras gerações, alguém que proporcionaria um salto de qualidade em meio aquele cenário suarento e fuliginoso da família de Leogácia. Olhos fumegantes pairavam sobre aquela relação, investimento com retorno garantido pensava ela.


Então Nerildo obteve uma casinha de fundos para morar da sua futura sogra. Ia e voltava diariamente a pé da faculdade, uns quinze quilômetros ou mais de caminhada diária. Um amanhã promissor cobra seu preço hoje! O desinteresse do agora gera a dificuldade no fim. Não estaria no conteúdo de milhares de passos os obstáculos intransponíveis a tenacidade de Nerildo. A perfídia sim o aguardava sorrateiramente na parte mais suave da jornada. Leogácia sonhava diariamente com sua filha predileta sendo esposa de doutor. Coitado do doutor tropeçou na filha que mais parecia com a mãe! Sorte bandida essa, primeiro afaga depois esfola. Como lâmina de palha de cana, faz sangrar ao toque suave na pele desprotegida.


Levilha; meiga e delicada como flor de maracujá! Alma ferina e ligeira como vôo do polinizador mangangá que espalha seu zumbido na roça ecoando imerso no mormaço da manhã. Olhos frios e determinados em corpo frágil, engodo para almas sinceras, armadilha para corações inocentes. Como se diz na terra: está no sangue! O cavaco não voa longe do pau. Azar o seu se olhou e se encantou. Leogácia forçou a barra para o casamento acontecer o quanto antes, nada de esperar formatura ela bancaria o casal até lá. Investimento! Lucro! Vantagens em auto desempenho. Sentimentos? Ora meu amigo disso o tempo se encarrega e se não for assim que a pensão seja gorda. Não será de qualquer um que sua filha estará se separando.



Entre idas e vindas Nerildo se formou. Leogácia retirando recursos de suas reservas bancou os equipamentos necessários ao trabalho de Nerildo. Que maravilha! O melhor dos mundos! A sogra que pediu a Deus. A vida correu a principio com relativa tranqüilidade. Como dentista, Nerildo passou a atender em outros consultórios do interior, trabalho árduo, trabalho duro viagens e mais viagens, havia um crédito educativo para ser pago, havia uma sogra para se ressarcida. No casamento o cotidiano com pausas quebradas pela determinação de Levilha que insistentemente queria um filho. Esse demorou a vir, provavelmente devido à debilidade do corpo de Levilha, que só após tratamento médico conseguiu finalmente seu objetivo. Ter seu sonho realizado, uma menina chegou para alegria da casa. Felicidade e tênue ternura pairaram momentaneamente abaixo daquele sol inclemente que assava a terra plana preparada para o cultivo da nova safra de cana de açúcar.



O telúrico vapor emanava com seus odores característicos quando sem explicação aparente o encanto pela cria desapareceu do coração de Levilha. O auge do verão não poderia explicar tal variação de sentimento, somente os traços obtidos na sua ancestralidade tinham essa resposta, mas a criança ficou mais aos cuidados de sua mãe, Leogácia. Esta por sua vez delegou esse serviço a sua outra filha, a mais nova, Ludimila. A menina dos olhos de peixe morto criaria de fato a filha de Levilha, enquanto essa andava atrás do marido de consultório em consultório ou em viagens de férias. Foi o intervalo bucólico que precede a grande tempestade. Candura excêntrica nos caminhos rotos do canavial.


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