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Contos-->Uma viagem do outro mundo -- 12/03/2010 - 23:41 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma viagem do outro mundo

“Premiados serão os que passarem por aqui”! Essa foi uma frase que encontrei na entrada da fazenda “Boa Sorte” do interior de Minas Gerais, distante 120 Km. de Arinos, depois de Igrejinha 106 Km. viajando em estrada de terra e areia.

Não entendi nada daquilo que estava escrito. Mas passei pela porteira, aquela que ainda é feita com algumas fileiras de arame farpado pregadas em um pedaço de galho de árvore. Dirigi mais uns mil e quinhentos metros e deparei-me com outra placa que tinha os seguintes dizeres: “Sejam bem-vindos os iluminados”! Andei mais uns quinhentos metros e encontrei a sede da fazenda. Era uma casa bem antiga, talvez com cento e cinqüenta ou duzentos anos de construção. Uma grande varanda, grandes janelas pintadas de azul royal e com as paredes pintadas de cal branca. Alguns cachorros latiam no quintal com um gramado ralo e não muito cuidado. Algumas árvores de grande porte faziam sombra em parte da casa, mas o calor do sol era escaldante.

Um rio ralo e calmo era visto no fundo da paisagem digna de uma foto para ser tirada por um amante da fotografia.

Dei uma buzinada para afastar os cachorros que seguiam o carro. Com o barulho, logo apareceu na porta da sala Dona Mina, uma senhora negra, bem gorda e risonha que nos deu as boas-vidas.

- Se achegue Dotô!
- Parei o carro. E eu e meu companheiro de viagem saímos, e ela se mostrou alegre em ver Silvio Carioca (como ela o conhecia) e falou: - É tu criança! (ele tinha mais de quarenta anos).
Pensei que tinha isquecido da genti!
Entre, vem tomá uma água fresca e um café que passei agorinha!

- Silvio, meu amigo, era um fazendeiro vizinho distante da fazenda de D. Mina, que só ia à sua fazenda uma vez por mês, quando muito, apesar de ser proprietário daquelas terras deixadas por seu pai há mais de 15 anos. Viajava naquele mês para pagar uma família que trabalhava para ele e alguns outros que biscateavam ajudando a fazer um cercamento, limpando a nascente de água que vinha da serra e abastecia a caixa de irrigação ou ajudar no manejo da cabritada. Mas quando ia a fazenda sempre levava mantimentos não perecíveis e até algumas roupas para toda a família de seu funcionário. Muito querido por todos da região, era sempre saudado por ser um bom patrão e cumpridor das suas obrigações. Mas antes de chegar a sua propriedade, como se fosse um dever, ele passava na casa de D. Mina para lhe cumprimentar pedindo sua benção com um abraço e um beijo.

D. Mina era viúva de Marcelino, homem branco, mineiro migrado do Vale do Jequitinhonha para aquela região. Marcelino comprou a propriedade com muitas dificuldades depois de trabalhar de meeiro e ser capataz de uma fazenda próxima. Ele casou-se com Guilhermina, a Mina, quando ela era ainda bem menina (diferença de 14 anos) e tiveram onze filhos sendo que desses, somente oito estão vivos, e apenas um casal vive na fazenda com a sua mãe.

- Morena tá na cozinha temperando um feijão e Duzinho tá pra fora, foi levá umas novilha lá pra Igrejinha e só vorta lá pêlas seis. As criançada foi estudá, mas num tarda pra chegá!
(- D. Mina se referia a sua filha Maria Morena, seu genro e seus netos.)
- Lino (O Laurindo, seu filho mais velho) tá lá prus lado da vereda, foi pra lida cum Tião e Mariano (D. Mina fala de dois empregados da fazenda).

- Chegamos à fazenda de D. Mina por volta das 4 da tarde. Eu e Silvio já estávamos viajando desde as 6 horas da manhã e ainda tínhamos que percorrer mais uns 38 km para chegar à sua fazenda, lembrando que o trecho era de serra e de difícil acesso, mas o carinho de D. Mina somado a prosa do interior fez com que tomássemos o café e esperássemos para o jantar com o restante da família.

Era verão, mas o jantar foi colocado à mesa ainda com o sol das 6 da tarde.
Decidimos sair logo após o jantar para aproveitar ainda o pouco que restava do dia para viajar sem o uso dos faróis.

Despedimo-nos da família agradecendo o carinho e a cordialidade e partimos.
Eu pensei: Não precisaremos muito dos faróis, pois estamos premiados!(lembrando da frase escrita na entrada da fazenda e vendo a noite bonita que faria)

Não havíamos andado mais do que 10 km. quando vimos duas moças pedindo carona. A caminhonete que viajávamos estava lotada de mudas de coco, água, sal mineral, algumas ferramentas, nossa bagagem e mais alguns outros utensílios, mas como o carro tinha cabine dupla o Silvio resolveu parar.

Como poderíamos deixar duas moças bonitas na beira da estrada ao anoitecer?
As boas intenções somadas ao reflexo masculino ajudaram a frear o carro.
Ajeitamos a tralha e nos acomodamos com pouco conforto. Eu dei lugar a uma das meninas e passei para o banco de trás, enquanto a outra se sentou ao lado de Silvio.
Logo trocamos apresentações alegremente, afinal teríamos boa companhia por alguns quilômetros de estrada.

As moças eram duas irmãs, que entraram no carro e disseram ser professoras de uma escola rural próximo ao local em que estavam. Falaram ter quebrado o seu carro e somente com “ boa sorte” conseguiriam chegar em casa através de uma carona, pois a última condução (ônibus) já havia passado.

Seguimos viagem pela estrada empoeirada e esburacada. Um CD tocava baixinho uma música sertaneja o que facilitava nossa conversa que não tardou em ficar íntima.

Suzane estava ao meu lado. Ela era a mais nova das irmãs e aparentava ter uns 20 anos de idade. Morena bonita de olhos castanhos grandes, possuía um sorriso inesquecível. Vestia uma blusa sem mangas e uma saia curta. O decote da blusa mostrava parte de seus seios e o tecido fino deixava ver que ela não usava sutiã. O par de coxas grossas apareceu logo ao sentar me causando entusiasmo por tê-la como companhia.

Ao lado de Silvio, no banco da frente viajava a sua irmã. Tão bonita quanto Suzane, Cristiane também era bem morena com cabelos compridos e uma conversa muito agradável.

A música tocava, a conversa fluía e o carro andava devagar, pois a estrada esburacada não permitia velocidade acima de 40 ou 50 km. por hora e também não tínhamos interesse em diminuir o tempo de viagem.

Nesse vai e vem causado pelos buracos da estrada, eu e Suzane nos aproximamos e nossas pernas se encostaram. Isso foi o bastante para incendiar os nossos corpos. Logo nos beijamos ardentemente com atração sexual.

Silvio olhou pelo espelho retrovisor imaginando fazer o mesmo com Cristiane. Dirigiu o carro mais uns 200 metros quando o encostou à beira da estrada e também beijou Cristiane.

Ali começou uma noite inesperada. A conversa evoluiu rapidamente para um caso sexual.

Mesmo conhecendo bem a estrada, Suzane e Cristiane sugeriram que ele dirigisse até uma entrada distante um quilometro do lugar em que estávamos. Saímos da estrada principal e fomos devagar por uma trilha que nos levou à beira do rio que já havia me encantado na fazenda Boa Sorte.

Paramos o carro ainda com o sol se pondo no horizonte. Preocupados com as duas irmãs que estavam em nossa companhia, perguntamos: - Até que horas vocês precisam chegar em casa?

- Não se preocupem, pois avisamos que caso não chegássemos até as 8:30 da noite, não iríamos dormir em casa, como várias vezes fizemos, quando chove muito ou acontece algum imprevisto. Nossa família sabe que temos acomodações na escola.

- Nós também tínhamos tempo o suficiente para aceitar o convite para uma noite de amor à beira rio.

Tiramos a lona do carro. Entre os utensílios levávamos um lampião à gás, colchonetes, pão de forma, vinho, queijo e frios (bem acondicionados em uma geladeira de isopor).

A lona do carro dependurada em um galho de arvore dividia o ambiente em duas suítes ao ar livre. Enquanto o dia se despedia, tomamos banho, todos nus, no rio limpo e calmo. Ao sair da água abrimos a garrafa de vinho e dividimos em goles na própria garrafa. Fizemos uns sanduíches e servimos às meninas que não haviam jantado.

Aumentamos o som do carro e colocamos um CD bem romântico. Conversamos e dançamos; rimos bastante com historinhas mentirosas e algumas piadas. A garrafa de vinho esvaziou. A noite ficou estrelada e a lua crescente tímida era vista no céu e refletida no rio. O lampião já aceso clareava o carro e o acampamento improvisado.

Silvio se deitou com Cristiane. Eu e Suzane ainda ficamos mais um pouco na margem do rio e também procuramos nos acomodar no colchonete do outro lado da lona que dividia o ambiente. Tivemos uma noite prazerosa de amor e sexo.

Pela manhã do dia seguinte, ainda com o gosto de quero mais, tomamos outro banho para ajudar a despertar, tomamos água, comemos pão com o restante de frios, guardamos a tralha, colocamos a lona no carro e retomamos a viagem, agora em sentido contrário para deixar Cristiane e Suzane na escola onde eram professoras e depois tomar o caminho até a fazenda de Silvio.

A viagem foi rápida e tranqüila. As meninas estavam felizes, irradiantes com aquele acontecimento amoroso e sexual que o destino nos concedeu. Quando chegamos próximo a escola elas pediram para ficar um pouco distante para não causar maiores comentários de outras duas professoras, pais de alunos e alunos. Assim as deixamos, cerca de 300 metros, ditos por elas, da escola que não vimos.

Prosseguimos viagem e no trajeto comentamos a noite agradável e surpreendente que a vida nos deu. Passamos dois dias na fazenda do Silvio. Ele pagou o funcionário, acompanhou o trabalho de plantio das mudas de coco que levamos, fomos à vereda ver a nascente d’água, vacinamos a cabritada e viajamos novamente para o Rio de Janeiro.

Mas por que não vir para coincidir o horário de ver novamente as professoras, e, quem sabe ter uma nova noite de amor? Entramos na estradinha que dias atrás deixamos as duas irmãs, andamos mais de um quilometro, mas não encontramos nenhuma escola.
A única casa que tivera por ali estava com restos de demolição e alguns objetos queimados. Ficamos surpresos em não encontrar o local de trabalho das meninas. Cansamos de procurar e nada. Resolvemos continuar o nosso itinerário e quando chegamos a um vilarejo próximo daquele local, paramos o carro em uma birosca para tomar uma água e café e saber o endereço correto da escola.

Indagamos do dono do comércio e ficamos sabendo que a escola havia sido demolida após a morte de duas professoras que acidentaram seu carro e morreram no local.

- Quando aconteceu isso? Perguntou rapidamente o amigo Silvio.
- Isso aconteceu mais ou menos um ano atrás seu Dotô, foi um caso muito triste o acontecido. Eram duas irmãs Cristiane e Suzane, filhas de um fazendeiro aqui da região.
- Eu gelei, tremi e fiquei mudo. Silvio empalideceu e nervoso exclamou:
- Não é possível, pois nós demos carona para essas irmãs dias atrás.
- Acho que não Dotô, pois morto num fala e num pede carona! Como isso pudia tê aconticido?

- Pagamos rapidamente o café e a água, entramos muito assustados no carro e prosseguimos viagem. O rádio estava ligado em uma estação local e o locutor dizia:

- Amigos ouvintes e viajantes, aqui nessas bandas de Minas Gerais acontecem coisas que ninguém consegue explicar, então sigam viagem em paz e não comentem nada com ninguém, porque senão vocês passarão por grandes mentirosos. “Boa Sorte... Vocês foram premiados por terem passado por aqui!”
Continuando a nossa programação musical ouçam agora: A mulher que eu amei!

- Estamos loucos ou fizemos amor com duas lindas mulheres fantasmas?

F I M
12/03/2010
Paulo M.Bernardo

*essa história, locais e nomes de pessoas são fictícios, fruto da imaginação do autor.











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