Como se diz facilmente por aí e qualquer um sabe, o mundo é dos espertos. Sempre foi e sempre o será. Isto é visceral, é atávico; aquele que mais pensa que quer e pode atingir seus objetivos geralmente o faz às custas de outros que não são, assim como diremos, tão concentrados.
Não vá me dizer que ainda acredita que o mundo é feito de sonhos! Não, meu caro. Ele é feito de realidade, seca e dura, batida como o sal nos lábios secos em uma praia deserta. Só existe você neste mundo, nada mais. É o que importa não é?
Somos todos vencedores, sim porque os outros, ah, eles perdem e não perdem por esperar. São tão ocos, vazios em suas necessidades! Brincam de viver enquanto que os que são dirigidos, objetivos, condicionados, estes sobem e galgam posições. Não há lugar, em nossa sociedade, para o que transcende; só se quer o momento de agora, aqui. Por isso está lá o moço, sem a moça, na praia deserta, batido ao sol seco, árido, sal na boca, empedernido. Orgulhoso. Imbatível. Sozinho, mas inexpugnável.
Uma fortaleza! Somos todos a aparência sem sermos o que somos realmente; daí nosso sucesso. Estamos de parabéns. Conquistamos de tudo: Temos casa, carro, garçons, temos um pedaço de terra, achamos que um pedaço de céu... Aí que está nosso Engano.
Fujamos de todo o conflito, afinal, é assim que se cria o mundo do aqui e agora. Não pensemos nas conseqüências funestas de nosso comportamento. Bebamos à nossa saúde, não à deles, estes que se imiscuem em nossas vidas tão lindas e iluminadas. Não! Abarquemos tudo o que há no horizonte! Levemos de roldão tudo o que há à nossa frente! Depressa!
Poetas, Bah! Textos dão trabalho de ler, descarte-se-os. Música? Fácil, digerível. Livros? Para quê?
Livremo-nos do peso da cultura inútil, o que vale é a casca incorruptível de nossas peles tostadas ao sol do Caribe.
Ergo aqui uma taça ao inútil que me lê:
Desculpe, mas o imaterial não vale mais em nosso mundo.