UMA NOVA CUCA
(Por Germano Correia da Silva)
Conta uma lenda muito antiga que a Cuca quando era criança era muito bonita e não assombrava ninguém. Ela era uma criança inocente e inofensiva como todas as outras do seu tempo. Entretanto, o tempo foi passando no seu compasso natural e ela finalmente cresceu. Mais tarde, ficou adulta e, ao envelhecer, se transformou numa bruxa muito feia.
Com vergonha de ser vista pelas bruxas menos feias do seu tempo, ela passou a morar escondida numa caverna muito escura.
Há quem diga que foi vivendo lá na escuridão da caverna que ela adquiriu a aparência de um jacaré. Comentam também que lá dentro da caverna não havia cortador de unhas e por isso as unhas dela cresceram bastante se transformando em garras semelhantes às de um gavião.
Dizem também que a sua aparência com um jacaré e as suas enormes garras de gavião têm lhe servido até os dias de hoje para intimidar as pessoas, principalmente as crianças, que jamais tentam se aproximar dela.
A Cuca é uma bruxa que tem a idade do tempo e dorme apenas uma noite a cada sete anos. Quando ela fica zangada não pára de urrar e, por incrível que pareça, o seu urro de raiva pode ser ouvido a 10 léguas de distância.
Ela é também conhecida como o bicho-papão. É o verdadeiro fantasma do povo brasileiro e a sua figura apavorante é usada pelos pais para amedrontar as crianças que costumam fazer traquinices e também para assustar aquelas que insistem em permanecer acordadas durante a noite.
Apesar de sua horrenda aparência ela sempre foi lembrada pelas mães e babás quando tentavam ninar suas crianças. A figura dela é tão importante na vida familiar dessas pessoas que elas chegaram a criar algumas canções que passaram a ter versões diversificadas conforme a região.
Uma das mais conhecida dessas canções de ninar parece ter a seguinte formação poética: dorme nenê / que a cuca vem pegar / mamãe está em casa / papai foi trabalhar.
A propósito, que canção é essa que você está aí solfejando, há já bastante tempo, com essa criancinha no seu colo?
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