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Contos-->Contextos da usura. Parte oito. -- 08/12/2010 - 10:23 (Gerson Ferreira da Silva Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cuide do seu naco, não feche os olhos.



O cheiro de vinhoto pairava na noite quente. Cheiro morno que induzia e conduzia o pensamento às latrinas cheias. Jaconildo fazendo suas obscuras previsões trouxe seu filho Beraldo, aquele abandonado pela esposa que o sustentava, para morar na casa de Leogácia. A justificativa era prestar alguma ajuda, pois Leogácia já não podia ficar sem companhia. Mas como uma coisa chama outra a realidade era que ele esperava a morte dela, e com isso haveria uma reivindicação da família pela casa, e neste caso ele assim estaria com o filho lá para sustentar a posse do imóvel e rechaçar qualquer um que viesse tentar dizer que a casa não lhe pertencia.


Tão certo como a chuva de fuligem que caia diariamente, na temporada da colheita da safra de cana sobre a cidade, ele ficaria com aquele imóvel. Afinal de contas ele casou por causa disso, de olho nas posses de Leogácia. Este era o objetivo real, e como abutre vigiava sua futura refeição que ainda possuía um sopro de vida. Ele bem sabia que ela faria o mesmo se a situação fosse invertida, os olhos cobiçosos de Leogácia sempre pousaram naquelas barracas do mercado. Mas aparentemente nesta disputa o destino tomou partido de Jaconildo. Sempre que o galo esquálido do vizinho cantava pela manhã, ele sentia esperança de encontrar o fato consumado no quarto.


Não ainda não. Não foi desta vez ainda. Pacientemente pedia para que o filho Beraldo vigiasse enquanto ele iria ao mercado. Na brisa da manhã, aquela que daria sobrevida a vegetação quando o sol devastador estivesse a pino, Jaconildo foi com sua bicicleta para o mercado verificar os negócios. Enquanto isso Leogácia, mesmo no fundo da sua condição, tramava mais um evento de discórdia. Natureza essa força indomável! A morte espera na esquina, mas ainda há tempo para mais alguma travessura. Aquele ressentimento rançoso, aquela sensação de derrota na disputa com Jaconildo era o que mais incomodava.


Alguma coisa precisava ser planejada, ela não iria deixar seu amado patrimônio para um estranho. Se pudesse levava tudo junto para a cova, porém isso era impossível então a partilha entre os filhos precisava ser estabelecida, mas aí morava outro grande problema: os filhos preferidos eram os mais problemáticos, os que possuíam mais identificação com a personalidade de Leogácia. Desonestidade congênita aquilo que iria tocar fogo no relacionamento entre irmãos. Não seria um jogo limpo, então o produto de anos de artimanhas agora acabaria sendo tratado como butim. Aquilo que na verdade era.


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