Quando eu era jovem de vinte e poucos anos, via um cara maduro nos seus cinquenta, e pensava: Esse cara não tem mais gás.
Passei pelos trinta, quarenta, meu vigor continuava perfeito. Cheguei aos cinquenta, e senti que ainda tinha gás o suficiente. Aos setenta... ainda!
Aí regressei aos meus vinte e poucos anos e me recriminei: Pô! Como fui injusto em meu pensamento a respeito daquela fase etária.
Aproximei-me de uma turma de jovens, e eles me gozaram: Velho, você ainda...? Eu respondi: Claro. Vez ou outra acontece uma. “UMA T E N T A T I V A!” escarneceram eles da minha imponência.
Então lhes contei uma história. A minha história.
Quando terminei o relato, um deles falou: Então, quando eu tiver a sua idade, estarei bem legal. Eu respondi: Nem tanto. Tudo é gradativo. Hoje, você é fogoso demais. Mas não perderá sua identidade ao atingir a senectude. Seus sentidos estarão um pouco cansados, mas em pleno funcionamento. O gás estará em menor quantidade, a força, menos expressiva. Porém sempre estará em atividade.
Aí, eles ficaram rindo, ingenuamente rindo, sem saberem mais o que dizer.