Roberto passeava com sua esposa Julia, quando viu que a sombra projetada pelo sol não mostrava sua mão esquerda. A direita estava patente, clara, mas a esquerda, simplesmente era invisível. Levantou seu braço e distinguiu que não havia mão na sombra esquerda.
–Onde está minha mão? perguntou a Julia.
– O quê?
– Minha mão despareceu.
Ela nem ligou, pensando que ele estava a brincar, como sempre fazia. Roberto ficou pensativo observando sua mão, a sombra projetada e dizia consigo mesmo: meu Deus, o que está acontecendo comigo? O que é feito da minha mão? Ora olhava para seu braço sem mão, ora olhava para a sombra sem mão. Dizia ele em seu pensamento: o que será de mim? Por que perdi minha mão sem mesmo saber por quê?
Mas, mesmo assim, ele não chorou nem se desesperou. Ficou a observar o que acontecia, e olhava de vez em quando sua mão esquerda, obviamente com certa estranheza e assombro. Em determinado momento, viu que a sombra se transformara. Olhou para seu braço e percebeu que algo havia mudado, sua mão estava se recuperando: o dedo indicador ressurgia, mas somente o dedo indicador. Roberto notou e disse a Julia: minha mão está voltando, meu dedo indicador apareceu.
–Só o indicador? ela indagou.
– Seria bom mais um para trabalhar em conjunto, mas... já é uma grande vitória. Perdi minha mão, e aparece um dedo. Tudo é mistério. Como perdi minha mão? Por quê?
– Julia, meus dedos estão crescendo. Veja o que aparece na sombra. Olha, Julia, olha!
– Meu Deus, estou recuperando minha mão! Foi tudo uma alucinação! há! há! há! A sombra já apresenta os seus detalhes. Olha os dedos completos, olha as unhas, tudo no seu lugar. Minha mão está perfeita. Não a perdi Não a perdi!...