PINTOR
Na praia de Copacabana, o pintor sentado no banco da praça fuma, enquanto olha o mar. O vento frio bate-lhe na pele.
Sente-se so como jamais sentira-se. Em breve, teria que vender seus quadros na na rua. Suas várias exposisoes , estudos e viagens de nada adiantaram.
Nao sentia-se fracassado, mas traído.
Então, era somente aquilo a despeito de todo sonho de grandeza que tivera
que a vida lhe reservava? Daria, vendendo na rua sua arte, para
sobreviver?
Viu uma menina morena e pobre passando e sentiu-se solitário.
Sim. Viver e´ganhar o pão. O resto e´metafísica.
Assim que pintou um belo pão de trigo sobre uma natureza morta, sentindo-se
profundamente alimentado. Faz dois anos que o expoe na
praça pública. Ninguém, contudo, percebeu sua catarse muda.
25.09.2004
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