Zenaide era cozinheira das boas.
A semana estava cheia com os preparativos para a festa de sábado. Naquele tempo, não se contratava bufê. Tudo era feito em casa. Recebíamos ajuda das cozinheiras das vizinhas, das tias, e, enfim, todos davam uma mexida nas panelas.
Não havia entradinhas, pastinhas, canapés, miniporções, etc. Os pratos eram substanciais. O cardápio era elaborado para ser uma refeição.
Zenaide, na sexta-feira, entregou-se ao gim e à vodca. Bebeu tanto, que, sem noção, encomendou ao açougue tudo que veio à cabeça.
O açougueiro, mesmo desconfiando do pedido exagerado, foi levar a encomenda lá em casa. Minha mãe atordoada devolveu: do boi - dois corações, dois rins e quatro rabadas; e do porco– dois pernis, três quilos de costeleta e cinco quilos de linguiça.
No embalo do álcool, Zenaide nem percebeu a confusão causada. Ficou estática vendo o desfazer do imbróglio, apenas balbuciando baixinho qualquer coisa.
Minha mãe resolveu relevar. Colocou o ocorrido na conta da excitação da espera da festa. O clima de comemoração já estava no ar.