Ele andou por todo lugar
Onde pudesse publicar sua tese de doutor
Até agora ninguém se habilitou a aceitar seu trabalho
Como dizem
Precisa um orientador no trabalho a sim feito
Pois terá que validar o assunto aprovado como escrito
Ele desanimado por mais uma resposta não
Sentou num banco no campus numa universidade
A ultima que visitou até agora
Tentando entregar seu trabalho aprovado por mim
Desanimado e triste ficou sentado pensando
O que fazer com este trabalho de doutorado
Sem esperar resposta
Olhou a capa bonita do seu trabalho
Folheou aqui e acolá
Tentando descobrir porque ninguém aceita ser seu orientador
Pensou mais
Será que tem algum erro didático
Será porque o tema é ruim
Em cada pensamento em pergunta
Só via o trabalho feito certo
Então chegou a triste conclusão
Seu trabalho não teria solução
Não teria louvor
Então não seria doutor
Apesar de cansado ficou sentado
Pensando na solução que poderia ter
Sem prestar atenção
Uma pessoa se aproxima
Anda devagar com elegância
Parece desfilar sua própria beleza
Ela é linda
Agora notou quando chegou perto
Pediu licença e sentou ao lado dele no banco de praça do campus
Ele acanhado por não entender o que acontece com seu trabalho
Decide ir embora
E joga no lixo o trabalho feito pronto
Em lixeira de pé colocada ao lado do banco onde sentou
Ela olha despretensiosa ele sair andando
Indo embora
A sim que afastou ela agarrou o volume na lixeira
Que parecia um trabalho escolar
Ou melhor
Olhando agora em suas mãos reparou
Não era apenas um trabalho
É um livro
Como pode alguém jogar um livro no lixo
Ficou pensando enquanto folheia cada página
Se deparou com uma obra inacabada
Faltou escrever o final ela diz pensando
Pensando ainda sem falar com ele
Pois foi embora antes
Então ela resolveu publicar o livro
Depois ela diz pensando mais
Se ele aparecer pago pra ele pelo livro publicado
O livro desde a estreia foi logo um grande sucesso
Todo mundo queria ler o livro inacabado
Então ela fez um apelo
Em um grande cartaz
Na loja onde vendia o livro todo dia
Cada vez mais comprado pela clientela
Dizia o cartaz
Este livro está sem título
Pois perdi a capa num dia de chuva torrencial
Por isso perdi o nome do autor
E também a chuva apagou o título na capa
Se alguém souber escrever o título certo
É o autor
Pagarei muito
Ele ia passando
Olhou no cartaz
Chamou sua atenção
Como pode alguém publicar um livro sem título
Que maluco escreveria um livro tão bom
E esqueceria o título
A curiosidade foi tanta que entrou na loja
E comprou o livro
Mesmo sem ler pois estava com pressa
Levou o livro pra ler depois
Quando tivesse mais tempo
Ou
Coisa nenhuma pra fazer
Então leria a obra inacabada desse maluco
E pra sua surpresa
Quando leu a primeira parte
Compreendeu
Era o seu livro
Isso mesmo
O livro que jogara fora
Pois ninguém queria autenticar
Como seu orientador no assunto lido
Ele voltou na loja onde comprara o livro
Perguntando quem era a dona da editora
Pois queria falar sobre negócio
Então uma senhora distinta
Veio até ele e disse
Sou a dona da editora
Ele então pegou o livro e falou pra senhora
Este livro é uma fraude
Como você pode publicar um livro
Sem ter o nome do título
Sem ter o nome do autor
A senhora idosa dona da editora disse
Eu jamais faria isso
Seria contra a lei publicar a obra de alguém
Sem autorização do próprio autor
Ou quem o represente de forma legal na lei
A senhora continuou dizendo
A sua mulher esteve aqui
Me entregou o volume molhado e sem capa
Pediu pra publicar e disse
Que só você sabe o título pois é o autor do livro
E que todo valor financeiro com a venda do livro é seu
Então publiquei o livro como ela diz
Agora só falta você me dizer qual é o título do livro
Sua mulher me entregou um papel onde está escrito uma parte do título
Se você souber o restante do título
O livro é seu
Você é o autor
A senhora dona da editora então entregou pra ele um papel
Amassado
Rasgado
Onde se podia ler apenas duas palavras do título do livro
A frase era
arma de defesa
Ele pegou uma caneta
E escreveu na capa do volume que comprara
A invisibilidade como arma de defesa em planeta violento
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