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Contos-->ESTRANHA APARIÇÃO -- 22/07/2011 - 14:47 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Enquanto eu enfrentava uma fila no banco para pagar algumas contas, uma senhora, com uma criança de peito em seus braços, surgiu diante de mim. Postou-se a meu lado e, de vez em quando, devido ao seu movimento oscilatório ao acalentar o bebê, o corpo da criança roçava meu braço. Disfarçadamente, afastei-me um pouco, na tentativa de evitar o incômodo atrito, mas ela, automaticamente, acompanhou o meu movimento e, assim conseguiu frustrar minha intenção. Resolvi então puxar conversa com a senhora, virando-me de frente para ela - nem me recordo mais sobre o que conversamos - mas só sei que me livrei definitivamente daquele tormento.
Em certo momento, pedi-lhe que me deixasse segurar um pouco a criança ao que ela acedeu de bom grado e colocou-a em meus braços, o que me causou um bem-estar paternal fazendo-me voltar ao tempo em que embalava os meus irmãos mais novos.
Mas, o que aconteceu em seguida, foi bastante estarrecedor: seu corpo, num processo paulatino, começou a desmilinguir-se, e decompor-se em minhas mãos. Percebi então que estava reduzido a uma pequena posta de sangue que eu, profundamente nauseado, cuidei de devolvê-lo à mulher que, ato contínuo, esfregou em minha jaqueta aquela gosma repugnante, enquanto dizia quase aos gritos, apontando para mim:
- Essa criança era sua; por isso cheguei a esfregá-la em você para que sinta o quanto perdeu e continua perdendo.
Ergueu as mãos segurando a coisa, e continuou:
- Aqui ainda há vida, e se você tiver a coragem e persistência de um vencedor, poderá recomeçar e auferir muitos trunfos com isso aqui. O inconcluso jamais será realidade.
Atirou em meu peito o resto da posta de sangue, e desapareceu enquanto eu me recompunha do sobressalto.
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