Ela veio por detrás e me deu um tapinha carinhoso. Mesmo assim, o tapa afetou o meu lábio superior e, por pouco, não caiu o meu óculo que também fora atingido. Meu amigo Jonatan foi imitar o tapa que ela deu e machucou o lado direito do meu rosto. E acrescentou: Eis a tua paixão de volta. E eu ri, trazendo à memória o tempo que passei com Celina. Mas, esse tempo estava todo armazenado no passado, e as recordações eram defuntas, cujos fantasmas não agitavam mais os meus sentimentos romanescos.
E eu pensei: Puxa, que dia!
Mais tarde, ela reapareceu sorrindo e me puxou para um canto. Veio me pedir desculpa pela brincadeira. Eu não tinha o que desculpar, pois até gostei daquele gesto espontâneo de uma pessoa a quem havia dedicado um grande amor. Ela estava linda com aquela roupa jeans que delineava o formato do seu corpo. Porém, o seu semblante denunciava certa ansiedade que ela tentava esconder com seu sorriso. Por fim, ela fitou-me longamente. Em seguida beijou-me no rosto e, simultaneamente, depositou alguma coisa no bolso de minha camisa. Depois que partiu, fui ver o que estava em meu bolso. Era um papel com alguma coisa escrita. Então, li o bilhete:
O amor que ontem me quis, perdi-o no meio do mar. Tu geraste uma flor. Tardiamente eu a reguei com meu pranto; fiquei perdida no universo do mundo que não há vida. Tu vieste triunfante mostrando-me teu apogeu, sorriste-me, partiste, e eu disse a mim mesma: como fui tão idiota. Aquele amor tão bonito perdi-o no meio do mar.