Sentiu um arrepio quando o vento morno veio ao seu encontro. Sem dúvida, era uma amostra do que seria o verão. Mas, ainda restava muito da primavera. Aquela primavera repleta de supresas agradáveis: a volta daqueles pássaros alegres que revoavam em torno das árvores do bosque vizinho, o renascimento do jardim que ele julgara morto, o colorido inimitável das flores e o perfume agradável dos jasmins e dos bogaris ao cair da tarde.
Não queria enfrentar o verão, aquele calor desagradável que deixava o corpo pegajoso, aquelas chuvas todas que levavam nas enxurradas o lixo acumulados nas coxias, aquela incerteza que ela deixara na última carta:" ...não sei se voltarei no verão. Aguarde."
E ele ficara sozinho, cultivando hábitos que jamais imaginara, sofrendo calado, escondendo dos amigos aquele desconforto de viver na solidão.
Então, como ninguém pode deter a marcha da aurora, decidiu enfrentar de cabeça erguida a chegada do verão. Tomou um banho demorado, jogou no corpo uma boa água de colônia, deu-se bom dia no espelho e, no burburinho da rua foi ao encontro do verão...
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