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Contos-->REENCONTRO -- 22/06/2012 - 08:43 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Contudo eu tomei todas em um só dia, falei tudo aquilo que não devia, sorri todo o sorriso do mundo e chorei o pranto inteiro da vida. Depois saí claudicando no meio da rua com passos incertos, olhar duplicante; meus olhos não viam aquilo que eu via.
Em casa lavei o meu rosto irritado comigo; dois eus no espelho zombavam de mim. Aí, eu gritei com pavor, assustado: Não, não sou eu! Isso aí não sou eu! E os monstros do espelho ecoavam: Não, não sou eu! Isso aí não sou eu! Meu Deus, cadê eu, onde estou? E os monstros sorrindo, então, me apontavam: Meu Deus, cadê eu, onde estou? Faziam careta meus olhos fitando.
Contudo depois da ressaca no dia seguinte limpei a sujeira, vesti roupa nova e saí; e assim me abracei, me beijei, me afaguei; e assim, de mãos dadas comigo eu andei.
Contudo, as pessoas me olhavam de um modo esquisito e eu prazenteiro, chutava uma pedra no asfalto. No ar espalhei o meu beijo pra todo o universo e nem escutei as gaitadas do mar que zombava de mim.
Eu estava exultante na aurora. A tarde chegou e pegou-me a sorrir. De noite, na cama, um corpo enlaçou-me e fizemos amor todo o resto da noite.
Saudei o inimigo na entrada da vila, e o mesmo inimigo virou-se com espanto; contudo eu sorri-lhe com jeito matreiro e ele sem jeito saudou-me também.
Por fim, defrontei-me comigo dizendo: tu és o maior, o melhor, és o máximo! E os montes diziam, felizes: te amo! Na voz compassada dos ventos, sorrindo.
Depois, no espelho - mirei-me no espelho - alguém do outro lado sorria pra mim. Monstros não via; eu não tive medo porque não existem... A gente os cria.
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