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Contos-->DIÁLOGO COM A MORTE -- 27/06/2012 - 08:53 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O homem caminhava um pouco apressado à minha frente. O que me chamou atenção foi o modo como gesticulava constantemente como se falasse com alguém. Levado pela curiosidade, aproximei-me discretamente e consegui captar o seu solitário monólogo, mas que para ele era uma conversa muito séria. Eis o que ele falava:
Essa noite eu sonhei contigo. Tu me conduziste a um lugar desconhecido e deserto; uma mulher estranha surgiu diante de mim, me agarrou violentamente e quase me estrangulou; de repente, eu não via mais a mulher que se transfigurou em um cachorro gigante que me perseguia enquanto eu corria desesperado, me escondia e tu não me deixavas em paz.
Às vezes, eu até sorrio de tuas malícias. Certa ocasião, um atirador não conseguiu acertar-me, outra vez, quase desabei num precipício, mas sempre me safei das tuas armadilhas.
Ah, como te adoro! Não fosses tu, ninguém precisaria lutar. E naquele dia que um motorista embriagado me atropelou? Foi quando escutei teu sorriso cavernoso cantando vitória. Mas aí eu sorri por último, não era a minha vez. Ao ver-te pegar tua machadinha e sair com o rabo entre as pernas numa marcha pateada, gargalhei tanto que até chorei de tanto gargalhar.
Outra vez, cumulaste de tudo quanto é vírus o meu corpo. Tomei umas biritas, expulsei a doença e comecei a cantar.
A moléstia só gosta de tristeza; aí ela se acomoda toda poderosa dentro de nós e assenta o seu império comandado por ti.
Uau, garota! Sabes que sou forte. Hóspede indesejável não tem vez na minha casa. Sei que um dia vencerás; então, conduzir-me-ás não sei pra onde, com ar de vitoriosa, os dentes arregalados, toda triunfante e gritarás para o universo: Eis mais um. Não te ouvirei porque estarei a dormir um belo sono. Contudo ainda estou a te azucrinar.
Continuemos o jogo, faz parte do show. Ah, como te adoro! Não fosses tu, ninguém precisaria lutar.
......................
O homem continuava falando, mas não pude mais ouvi-lo, pois um amigo meu me chamava de longe e, por isso, mudei de rota. O homem prosseguiu sua fala e gestos, até perder-se de vista. E eu pensei: Será que ele falava com a morte? Pelo que escutei, foi isso que deduzi.
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