Em Curitiba, do século dezenove, havia uma jovem abastada apelidada de Candinha, que estava de casamento marcado com Rogério, filho de um fazendeiro rico, que a amava muito. Mas, esta moça não gostava da vida que levava. Pois, ficava imaginando como seria a vida das mulheres que trabalhavam em um bordel e como seria bailar uma dança proibida chamada Can-Can. O principal problema é que Candinha não amava o seu noivo e desejava ter experiências carnais com outros homens. Outra marca da personalidade desta dama é que ela detestava animais. Por isto vivia dizendo:
- Na próxima reencarnação quero ser cachorro de madame.
Uma certa noite, Candinha vestiu uma capa comprida, colocou uma máscara e foi até à asa da luz vermelha. Quando ela entrou, ficou encantada e procurou a proprietária do lupanar, dona Desirê, uma senhora francesa de 70 anos.
Deste jeito, ela conseguiu o emprego no bordel, de uma forma que ninguém da sociedade desconfiasse, pois ela vestiria uma máscara inteira e uma longa peruca rosa para atender aos clientes, sem deixar de falar que a principal regra era que nenhum freguês tentasse retirar a sua máscara. Logo, a jovem recebeu o apelido de Máscara na boate.
Desta maneira, Candinha saia às escondidas todas as noites para o seu novo emprego.
Uma certa noite, Rogério decidiu que passaria uma madrugada inteira com Máscara num dos quartos do bordel. O rapaz pagou adiantado e gostou tanto do serviço que passou a ser seu cliente fixo, sem saber que tratava-se de sua noiva.
Um certo dia, depois de terem relações íntimas, Candinha adormeceu e Rogério decidiu tirar a sua máscara. Logo, ele gritou:
- Não pode ser !
- Sua traidora !
A garota de programa se assustou e saiu correndo, temendo que o seu noivo contasse toda a verdade para a sociedade.
Assim , ela passou meses em casa esperando pelo pior e nada.
Até que um certo dia, a moça foi até a uma modista para fazer vestido novos. Mas, Rogério cruzou o seu caminho, derramou ácido no lado direito do rosto desta jovem e exclamou:
- Isto é para você deixar de ser vagabunda!
- Pois, além de você me trair...
- Você me passou doença venérea!
Candinha, assustada com o escândalo, saiu correndo e foi direto a um consultório médico, onde constatou após exames que, realmente, tinha doenças venéreas. Após isto, a dama tomou veneno e morreu.
Reza a lenda que as pessoas que cometem suicídio reencarnam como animais na Terra e com marcas físicas no mesmo lugar, em que sofreram algum tipo de violência.
Então, Candinha reencarnou em 2010, como uma cadela vira-lata com cores diferentes. Seu corpo é branco, mas o lado direito do seu rosto é preto como se fosse uma máscara. Assim, que esta cachorrinha nasceu, ela foi abandonada na frente da casa de um professor, que mora no bairro Jardim das Américas em Curitiba, e ele adotou a pobre.
Por causa da sua aparência, o homem batizou a cadela com o nome de Máscara.
Um certo dia, este homem levou Máscara à casa de sua sobrinha, Vitória.
Desta maneira, a cadela foi direto para o quarto dos brinquedos. Lá, ela viu uma boneca com o lado esquerdo do rosto destruído. Como ela viu uma máscara de carnaval na sala, a cachorra pegou o objeto com a boca e colocou no rosto da boneca. Deste jeito, todos ficaram admirados com a atitude do animal.
Hoje, quem deseja ver esta cachorra especial, basta caminhar aos domingos de tarde, na segunda praça dos japoneses, localizada no bairro Jardim das Américas. Pois, neste dia o professor costumava passear com Máscara neste local.
Luciana do Rocio Mallon