Nos anos cinquenta, havia um viúvo rico chamado Henrique, que tinha uma filha de cinco anos que atendia pelo nome de Soledad.
Um certo dia num baile, este homem apaixonou-se por uma dama da alta sociedade chamada Genoveva, que no fundo, só estava preocupada com dinheiro e posição social. Assim, os dois se casaram e, no começo do matrimônio sua nova mulher fingiu ser paciente com sua filha. O problema é que Genoveva queria se livrar de Soledad para ser a única herdeira da fortuna, porém ela tinha medo de contratar um matador de aluguel, ou, de assassinar a pequena com as próprias mãos e ser descoberta depois.
Por isto, ela resolveu consultar a bruxa Pompéia, a mais famosa da cidade. Lá, a feiticeira falou que para matar a menina a magia ideal seria o vodu. Por isto, a maga pediu para que a madrasta trouxesse mechas de cabelo da enteada e uma samambaia. Genoveva obedeceu a bruxa, que colocou os cabelos e a planta dentro da barriga de uma boneca e explicou:
- Dê esta boneca de porcelana à garota que ela morrerá logo.
Ao chegar em casa, a madrasta deu o brinquedo a sua enteada, que ficou maravilhada.
No dia seguinte Soledad , com sua nova boneca nas mãos, abriu o portão da mansão, saiu para a rua, foi atropelada e morreu. Genoveva decidiu enterrar a menina junto com seu novo brinquedo, para que ninguém descobrisse provas do uso de magia negra.
Quando chegou no limbo, a garota disse ao seu anjo:
- Poxa, me sinto tão sozinha aqui, que tenho vontade de trazer outras crianças para brincar comigo neste lugar.
- O meu nome Soledad significa solidão em Língua Espanhola.
- Nossa, eu sou sozinha até no nome!
Sempre quando o querubim se afastava dela, no limbo, o espírito desta criança aproveitava a oportunidade para dar umas voltinhas aqui na Terra.
Alguns dias depois, surgiu a história de que naquele cemitério, pessoas viam uma menina com uma boneca nas mãos que sempre desaparecia entre os túmulos.
Perto daquele campo-santo, havia um salão de beleza muito frequentado por crianças. Um certo dia, Dona Azaléia e sua filha Dolores, de cinco anos de idade. resolveram cortar os cabelos lá. A menina foi acompanhada de uma boneca, a qual já estava enjoada. Quando, a pequena entrou lá avistou uma outra garota carregando uma boneca de porcelana e perguntou-lhe:
- Qual é o seu nome ?
- Vamos trocar de boneca ?
A outra garota respondeu:
- Meu nome é Soledad.
- Sim, aceito trocar de boneca.
Deste jeito, as duas fizeram escambos com os seus brinquedos. Dolores ficou tão feliz com sua aquisição, que dormiu com a boneca nova.
Porém, no dia seguinte, quando Azaléia foi acordar a sua filha notou que ela estava morta e sua boneca não se encontrava no quarto. A alma de Dolores foi parar no mesmo limbo onde Soledad estava. Lá, as meninas trocaram de bonecas novamente. Mesmo assim, Soledad ainda se sentia sozinha e por isto seu espírito descia ao mundo para aplicar o mesmo golpe da boneca que ela deu em Dolores com o objetivo de atrair novos espíritos de meninas ao seu limbo.
Durante aquele período Genoveva engravidou e deu a luz a uma menina chamada Priscila.
No dia em que Priscila completou cinco anos de idade, ela estava brincando com uma boneca no jardim. Quando, de repente, apareceu outra garota que disse-lhe:
- Oi, meu nome é Soledad.
- Vamos trocar de boneca ?
Priscila aceitou o escambo e naquela noite ela dormiu com seu novo brinquedo.
Na manhã seguinte, quando Genoveva foi acorda-la notou que sua filha havia falecido e percebeu que a boneca do vodu estava ao lado da falecida, com um bilhete:
" - Minha missão agora acabou.
Por favor, fique com a boneca da morte como lembrança
Assinado:
Sua enteada, Soledad. "
Luciana do Rocio Mallon