Quarta parte das declarações dadas por Marcela Miranda, menor, 16 anos, vítima de sequestro, cárcere privado, tortura e violência sexual. Nesta 4ª parte, Marcela descreve as torturas e mutilações que algumas das prisioneiras sofreram. As declarações foram dadas ao delegado Joaquim Habour, responsável pelo inquérito policial que apura o caso conhecido com “Os horrores na Casa do Alto do Morro”. Para ler as primeiras partes dessas declarações, clique em: PARTE 1 - PARTE 2 - PARTE 3
Tá mais calma agora?
Tô sim.
Então podemos continuar?
Sim.
Você sabe com que frequência era violentada?
No começo, era mais ou menos uma vez a cada dois dias. Depois que Sandrinha chegou passou a ser cerca de uma vez a cada três dias, mas depois veio a Roberta, a Daiane e as outras meninas e os meninos também e isso passou a ser de vez em quando. Às vezes, ele passava um tempão sem abusar de mim, mas em outras ele abusava um dia e pouco depois abusava de novo.
E essa frequência era mais ou menos com todas vocês?
Era sim. Mas tinha umas que ele gostava de abusar mais que outras.
Quais eram elas?
A Daiane e a Ana Paula.
E você sabe por quê?
Não tenho certeza, mas acho que era porque a Daiane era muito tímida e fazia tudo que ele pedia e a Ana Paula porque parecia gosta de se deitar com ele. Ela era a queridinha dele e tinha até alguns privilégios que as outras não tinham.
Andei lendo os esclarecimentos dela, mas ela não fala desses privilégios. Você pode citar quais eram?
Posso sim. Ela foi a que menos apanhou. Ele, quando queria abusar dela, chamava ela com carinho e nem amarrava ela. Só amarrou no começo. Ela dormiu várias vezes fora da cela, foi a que mais saiu daquele lugar. Ela foi a única que foi até a cidade com ele e a única que ganhou presentes dele. Ela só apanhou uma vez porque mordeu o pinto dele sem querer.
Sobre esses detalhes, vou ler o que as outras vítimas disseram e então voltaremos a conversar sobre isso. Tudo que ele fez com você ele fez com as outras?
Pelo que sei sim. Ele tirou a virgindade de nós todas e filmou isso. Enfiou na frente e atrás de várias maneiras. Enfiou coisas na gente e torturou machucou muito a gente também. Umas mais outras menos, mas quase todas. Só poupou a Ana Paula.
Pois bem. É sobre essas torturas que eu quero falar. Não quero que você me narre agora aquelas sofridas por você, mas aquelas sofridas tanto pelas outras meninas quanto as sofridas pelos meninos, principalmente as que você presenciou ou teve alguma participação. Sabemos que, em muitos casos, vocês tiveram de torturar uns aos outros.
Tivemos sim.
Você poderia me ajudar a esclarecê-las?
Posso sim.
Vamos começar pelas meninas. Sandra, em seus esclarecimentos, disse que você e ela foram obrigadas a espetar alfinetes nas partes íntimas de Roberta. Você confirma isso?
Sim. Tivemos.
E por qual motivo?
Ela e a Daiane bolaram um plano de fuga. Vez ou outra ele levava a gente lá para cima, para tomar sol e, às vezes, abusar da gente lá. Tinha vez que ele levava uma só, tinha vez que levava duas de uma vez e teve até vezes em que levou três e até teve algumas vezes que ele levou todas de uma vez. Então elas combinaram de, quando fossem levadas e ele tivesse distraído ou ocupado com uma de nós, elas iam sair correndo e mesmo que conseguisse pegar uma delas, a outra ia escapar e pedir socorro. A gente pensava que estava numa cidade e que tinha gente morando ali por perto.
Vocês nunca desconfiaram que estavam num local isolado?
No começo não, mas depois acabamos descobrindo. A gente só via mato e a Ana Paula nos contou.
Certo. Prossiga.
Isso foi logo depois que a Daiane chegou. Ela era muito tímida e quase não falava, mas vivia pensando em fugir. Tanto que tentou uma vez. Mas eu não sei como, ele ficou sabendo. Ai algum tempo depois ele entrou na cela com aquele outro. Ai ele mandou a Roberta se levantar e algemou ela e levou ela para aquele outro lugar.
Para o estúdio?
Isso. A gente pensou que ele ia abusar dela, como fazia sempre. Não desconfiamos de nada. Desde a chegada da Roberta que ele só vinha buscar a gente com aquele outro. Acho que ele tinha medo de entrar na cela e a gente dominar ele. Depois de algum tempo, ele voltou sem ela. Vi na mão dele duas algemas maiores. Ele usava elas para prender as pernas da gente, ao invés das mãos. Ele costuma usar elas quando levava a gente lá pra cima, pois a gente conseguia andar, mas só bem devagar. Ai entrou na cela, ficou olhando para nós todas. Acho que nós todas olhava para ele também. Ai ele apontou para a Sandra e mandou ela se aproximar e depois colocou as algemas nela. Ai apontou para mim e fez o mesmo. Depois mandou a gente sair e seguir ele. Aquele outro ia atrás com um chicote na mão. Quando chegamos lá, vimos a Roberta pendurada pelos pés e pelas mãos.
Você consegue descrever como ela estava pendurada?
Consigo sim. Ainda lembro direitinho da cena. Aquilo nunca me saiu da cabeça. O pé direito estava amarrado junto com a mão direita e o esquerdo com a mão esquerda. Ela estava pendurada por duas cordas. Uma amarada ao pé a mão direita e a outra ao pé e a mão esquerda. Mas elas não estavam assim muito juntas. A Roberta ficava com as pernas e os braços abertos. Ela não estava muito alto, pouco acima da cama. Quando a gente entrou ela levantou a cabeça e olhou pra gente. Não estava chorando, mas parecia muito assustada.
Ela sabia porque estava ali?
Acho que não. Mas logo depois ficou sabendo. Ele mandou a gente ficar bem atrás dela e prestar muito bem a atenção no que era pra fazer. Mas antes ele disse: eu avisei para vocês que não tentassem fugir. Eu sei que ela e a Daiane estão planejando. Nisso, Roberta começou a entrar em desespero, dizendo que não tinha planejado nada. Ela começou a chorar e ele mandou ela calar boca e deu uma bofetada nela. Ai virou para nós e disse: que este castigo sirva de exemplo pra vocês, por isso vocês vão executar ele. Ele tinha três daqueles negócios de prender fraudas.
Alfinetes.
É acho que é esse o nome.
Prossiga.
Ai ele entregou um para mim e o outro para a Sandra e disse: prestem bem atenção, que vocês vão prender ele do mesmo jeitinho que eu. E se não fizer, eu é quem vou fazer em vocês. Ouviram bem? Ai, respondemos que sim, balançando a cabeça. Ai ele mandou a gente se aproximar mais. Então ele pegou o alfinete que estava com ele, segurou a xana dela com a outra mão e apertou bem as duas metades e fincou o alfinete do lado de uma até vazar do outro lado da outra. Roberta deu um grito, ficou se debatendo, tentando se soltar e gritando. Quando ele terminou ele mandou eu ficar o meu um pouquinho embaixo do dele. Quando fui fazer, onde ele tinha fincado já estava escorrendo sangue. Quase não tive coragem, mas ele tornou a repetir que, se eu não fizesse, ele ia fazer em mim depois. Eu ia ficar mais embaixo, mas ele disse para eu fincar mais pra cima, perto da outra. Ai eu finquei e ainda tive de prender ele. Afastei e ele mandou a Sandra prender o dela. Roberta gritava tanto. Dizia que não tinha sido ela que tinha planejado e sim a Daiane. Imagino como aquilo estava doendo. Ela só estava acusando a Daiane porque não estava suportando a dor. Não tive coragem de olhar, mas a Sandra não estava conseguindo. Ele deu uma bronca nela e ameaçou bater nela se ela não fincasse direito. Quando ela se afastou, as mãos dela estavam cheias de sangue. Olhei para o rosto da Roberta e ela estava com a cabeça caída para trás, mas estava gemendo e soluçando. Ai ele chamou aquele homem, ele lavar as mãos da gente. Depois ele mandou a gente voltar pra cela.
E Roberta voltou pra cela quando?
Algumas horas depois.
Ela disse alguma coisa?
Na hora não. Ficou apenas deitada na cama, toda encolhida e chorando. A gente quis ver como ela tinha ficado mas ela não deixou. Só no dia seguinte, quando a Daiana não estava mais lá é que ela contou que depois que a gente saiu, ele ainda fez ela chupar o pinto dele até ele ficar duro e depois abusou dela sem tirar os alfinetes fincado nela. Ela disse que nunca sentiu tanta dor. Disse também que quando ele terminou, ele estava todo sujo de sangue dela da barriga para baixo. Ela disse também que quando ele tirou os alfinetes e soltou ela, o chão também estava sujo de sangue.
E depois de castigar ela, castigou a Daiane?
Foi. Foi no outro dia.
E da mesma forma?
Sim. Como ela era mais magra e a xana dela menor, na hora que ele abusou dela, rasgou onde o último alfinete estava espetado. A sorte dela é que parece que ela desmaiou e não sentiu. Mas a Ana Paula disse que quando ela ficou o alfinete, a Daiane começou a se mijar.
De fato ela tem uma cicatriz num dos lábios da vulva. Segundo o que nos contou Ana Paula, foram ela e a mais nova, Ana Maria, quem tiveram de espetar os alfinetes. Você confirma isso?
Confirmo.
Muito bem. Além desse episódio de tortura, tiveram outros?
Tiveram.
Você poderia falar sobre eles?
Posso sim. Depois desse episódio, a Roberta e a Daiane ficaram com mais ódio ainda dele. Um dia Roberta cochichou no meu ouvido e da Daiane que ia tentar matar ele. A gente disse para ela não fazer isso porque ele podia matar ela, mas ela disse que não se importava. Preferia arriscar a vida do que continuar prisioneira e sendo violentada daquela forma. Ai um dia, ele estava abusando dela e ele não tinha amarrado as mãos dela. Bem na hora que ele estava gozando, ela agarrou no pescoço dele e tentou enforcar ele. Mas não deu certo. Ele era muito forte e agarrou as mãos dela e consegui tirar elas. Aí ele castigou ela na frente de todo mundo.
Segundo o que as outras meninas disseram, ele criou um instrumento de tortura. Elas não souberam descrever como funcionava. Você poderia tentar explicar o funcionamento desse instrumento?
Eu também não sei muito bem, mas sei que ele amarrou os braços, as pernas, a barriga e a cintura dela nas grades da cela. Embaixo dela tinha uma plataforma. Essa plataforma tinha um cano de ferro e nesse cano uma tesoura aberta. A gente viu ele ajeitar a tesoura de forma que se ela fechasse, ia cortar o bico do peito dela. Um dos lados da tesoura, estava preso no cano e no outro ele amarrou uma corda que ia até uma mola na plataforma. Parecia que essa mola era acionada por alguma coisa que puxava a corda e fazia a tesoura fechar. Todo mundo viu o que ia acontecer. Roberta chorava muito e implorava o tempo todo para ele perdoar ela que ela estava arrependida, que não ia mais fazer aquilo, mas ele não estava nem aí. Ele nunca perdoou ninguém. Nem mesmo a Ana Paula.
Continue
Então eu vi ele pegar uma bola de sinuca. Só que era branca e parecia um pouco menor. Aí ele passou um creme nela e enfiou ela na xana da Roberta. A gente viu ele empurrar ela com os dedos. Ai ele disse para ela: vamos ver quanto tempo você vai conseguir segurar essa bola dentro de você. Se eu fosse você não deixava ela cair. Vou marcar no relógio: se você segurar ela por duas horas, será perdoada. Ai ele pegou uma cadeira e sentou de frente para ela, mas não muito perto, e ficou lá esperando para ver o que ia acontecer. Roberta parou de chorar e ficou parada por algum tempo. Mas não por muito tempo. De repente, ela começou a implorar por perdão e começou a dizer que não estava aguentado mais. Ele praticamente não disse nada, só ficava rindo o tempo todo. Só uma vez que ele disse que ela deveria ter pensado antes de tentar enforcar ele. Não sei quanto tempo durou aquilo, mas não passou de meia hora. Acho que ela sentiu que a bola estava saindo, porque começou a gritar de desespero, dizendo que não queria ficar sem o bico do peito, que ela ia morrer e coisas assim. A gente também ficou muito assustadas e a Ana Maria e a Mariana começaram a chorar, pedindo para ele perdoar ela. Ele deu um grito com a gente e mandou a gente calar a boca senão ia dar uma surra em nós. De repente, a bola caiu pelo meio das pernas dela e bateu na plataforma e ouvimos um barulho. Eu vi a tesoura fechar. Roberta deu um grito de dor e o sangue começou a escorrer pelo corpo dela. Ele se levantou e foi em direção a ela. Ai se abaixou e catou o bico do seio dela, examinou e disse: É uma pena! Adorava morder esse biquinho. Mas você tem o outro. Não vou ficar sem. Eu só não sei porque ele fazia assim. Por que ele não cortou o bico do seio dela logo de uma vez.
Porque ele não se contentava com a tortura física, tinha de torturar psicologicamente vocês.
E ele fez isso várias vezes.
Isso é outra coisa que preciso saber. Mas vou deixar para uma próxima vez. Vamos prosseguir. E ele não se preocupou em estancar o sangramento?
Primeiro, ele tirou a tesoura e depois desamarrou ela e disse para ela apertar o dedo no corte e mandou ela entrar na cela. Ai saiu com o bico do seio dela na mão e voltou logo em seguida com uma caixa de curativos. Mandou ela sair novamente, sentou ela na cadeira onde ele estava e fez o curativo nela. Fez isso durante uns 8 dias, até que o seio dela cicatrizou.
Você não tem ideia do que ele fez com o mamilo dela?
Não.
E a mutilação genital da Daiana? Você presenciou?
Não só eu como todas as meninas.
E por quê ele fez isso?
Porque ela tentou fugir.
E como foi que ela tentou fugir?
A gente estava do lado de fora da casa tomando sol. A gente estava brincando de pega-pega. Só a Ana Paula que não estava. Ele estava sentado num banco vigiando a gente a ela estava sentada no colo dele. Ele estava tomando sorvete numa taça e de vez em quando punha na boca dela. Às vezes, ele beijava ela no pescoço, passava a mão nos peitinhos dela e no meio das pernas dela também. Teve uma hora que ele melou os seios dela de sorvete. Ai ela virou de frente para ele e ele começou a lamber a chupar os peitinhos dela. Ela dava risadas e gritinhos. Parecia que estava gostando. Foi nessa hora que a Daiana tentou fugir. De repente, ela saiu correndo e foi em direção ao portão. Chegando lá, tentou abrir ele. Nisso, aquele outro, o tal de Juarez, gritou para ele que uma das meninas estava tentando fugir. Ele levantou com tudo, empurrou a Ana Paula pro chão e mandou ele pegar ela. Nisso, Diana viu que não ia conseguir abrir o portou e tentou pular o muro. Como era muito alto, ficou correndo em volta dele, procurando um lugar que desse para subir.
E quem pegou ela?
O Juarez.
E depois?
Ele trouxe ela de volta ai ela levou uma surra de chicote bem na nossa frente. Nossa, ela ficou toda marcada porque ele bateu nela com raiva. Acho que ele deu umas quinze chicotadas nela. Ficou até cansado. Depois que parou de bater nela, disse que isso não era nada comparado ao que ele ia fazer com ela. Então ele mandou todo mundo voltar pra cela e disse que a gente ia ficar um mês sem subir. Algumas horas depois ele foi até a cela com o Juarez e tiraram ela de lá e levaram para aquele lugar onde ele levava a gente para abusar de nós. Depois de algum tempo, veio buscar a gente. Como éramos muitas, ele e aquele outro amarrou as mãos da gente, como se fosse algemar. Mandou a gente fiar em fila e passou uma corda entre as mãos de cada uma de nós e amarrou ela no pescoço da pessoa que estava na frente. Fez isso com todos, para que ninguém pudesse escapar.
Como assim. Explique melhor.
Primeiro, ele mandara uma sair da cela e amarrava as mãos. Depois, mandava outa sair e amarrava as mãos dela também. Era uma corda para cada. Quanto todas nós já estávamos amarradas, ele mandou a gente formar uma fila, uma de frente para outra. Aí aquele outro pegou uma corda grande e deu um nó na que tinha amarado a gente. Amarrou ela entre as mãos da gente. Ai espichou ela e amarrou em volta do pescoço da que estava na frente, depois amarrou na mão dela e no pescoço da que estava na frente, até amarrar nós todas. Acho que ele fez isso pra gente não tentar escapar. Sei lá.
É bem possível que tenha sido por isso mesmo. Prossiga.
Ai levou a gente até o estúdio. Quando entramos, vimos a Daiane pendurada da mesma forma que daquela outra vez, quando prendeu os alfinetes nela. Eu até pensei que ele fosse fazer a mesma coisa, mas não. Percebi pela mesinha e uns instrumentos que estavam em cima dela. Ai ele disse: agora vocês vão ver o que acontece com quem tenta fugir. Daiana chorava muito. Acho que ela sabia que ele ia fazer alguma coisa muito grave com ela. Então ele aproximou uma câmera da xana dela e mandou todas nós olhar pra tela no alto. A imagem era bem de pertinho. A gente só conseguia ver essa parte do meio das pernas. Ai ele abriu a xana dela, pois uns troços pra prender ela, pra ela ficar bem aberta. Ai deu uns tapas bem la dentro e depois ficou passando e apertando o dedo la. Aquela parte que bem em cima, perto de onde sai o xixi, ficou maior. Acho que dele bater, deve ter inchado. Ai pegou uma pinça e puxou ela.
Aquele negocinho é chamado de hímen. É a parte mais sensível do órgão sexual feminino. É normalmente o que dá prazer a mulher e provoca orgasmo nela.
Então. Foi por isso que ele pegou exatamente esse tal de hímen aí. Ele não queria que ela sentisse mais prazer. Porque, depois de puxar, ele pegou uma faca com uma lâmina bem pequenininha e cortou fora aquele negocinho.
Era um bisturi. É um instrumento cirúrgico.
É esse ai mesmo.
Ele extirpou o hímen dela. E depois?
Ela começou a gritar de dor e o sangue começou a escorrer pelo meio da xana dela. Ai ele pôs aquele pedacinho da xana dela na minha mão e disse para eu olhar bem para ele e depois passar de mão em mão. Lembro que ele disse: vocês não imaginam o castigo que é para uma mulher ter isso aí arrancado. E o pior é que muitas mulheres são castigadas dessa forma sem saber que são. Ai ele acendeu o fogo num negócio que estava em cima daquela mesinha, esquentou uma espécie de pazinha e encostou onde ele tinha cortado. Saiu até fumaça. Pelo desespero da Daiana, aquilo deve ter doído mais do que quando ele cortou. Nossa, só de lembrar disso, fico todo arrepiada. Deve ser uma dor horrível, ter a xana queimada com um ferro quente.
Qualquer tipo de queimadura é causa muita dor. São os ferimentos mais doloridos. Mas prossiga.
Depois desamarrou ela, chamou aquele outro e mandou todo mundo voltar pra cela, inclusive a Daiana.
Realmente este homem é um mostro. Quanta monstruosidade. Infelizmente, não há muito o que fazer para reparar esse tipo de mutilação. Quanto ao mamilo de Roberta, ainda é possível fazer uma plástica, mas no caso dessa jovem, não há o que fazer. O hímen não pode ser substituído.
É uma pena mesmo. Tão nova!
Além desses casos e do seu evidentemente, houve outros casos de torturas. Ele andou castigando vocês por brigarem entre si, não foi?
Foi.
Que briga foi essa?
Foi entre eu a Daiane. Preferia não falar disso. Já passou e a gente voltou a ficar amigas uns dias depois.
Tudo bem. Nos seus esclarecimentos, Roberta e Daiane falou dessa briga. Acho que as informações delas já são suficientes. Eu só queria ouvir a sua versão, mas se você não quer falar, tem o direito de se negar. Afinal você é apenas uma testemunha e vítima disso tudo. Aliás, vamos parar por aqui. Ainda tenho algumas perguntas a serem feitas, mas quero dar uma lida nos esclarecimentos das outras vítimas para posteriormente esclarecer de uma vez todas elas. Assim, você será chamada só mais uma vez daqui alguns dias.
Ainda bem. Já estou cansada de tudo isso e só quero ir para minha casa e esquecer essa parte da minha vida. Quero voltar para a escola, continuar meus estudos e tentar levar uma vida normal.
Compreendo. Seri que nada está sendo fácil para cada um de vocês. Mas esse pesadelo acabou. Pode ter certeza.
Espero.