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Contos-->O DESENLACE -- 14/04/2014 - 21:46 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Nessa época, Samuel enfrentava o desenlace de um caso que mantinha com Luciana, uma enfermeira que conhecera num hospital, por ocasião de uma visita a um amigo operado de apendicite. Ele convidou-a, ela aceitou o convite. Saíram juntos, uma vez, duas, três... cada vez mais se envolviam em aventuras amorosas. Mas, com o tempo, paulatinamente, o coração de Samuel se distanciava do coração de Luciana; os afagos de Luciana não mais satisfaziam nem seguravam aquele homem inquieto, que muitas vezes, eximia-se de um encontro, com um pretexto qualquer.

Certa noite, ingressaram numa casa de festas, divertiram-se, dançaram, beberam algumas cervejas e, por volta das quatro horas da madrugada, agasalhavam-se nus e resfolegantes na cama de um quarto de motel. Mas Luciana não estava feliz. Mirava, com ansiedade, aquele homem que tanto amava, dormitando preguiçosamente a seu lado.

– Samuel, tu me amas? perguntou-lhe timidamente.

– Hum?

– Perguntei se tu me amas.

– An-rã!

Ela suspirou angustiada, relembrando o dia em que a chamara de princesa. A relação entre os dois já durava mais de um ano, porém, seu fim estava decretado.

Outro dia, ao voltar da faculdade, deparou-se com ela, completamente nua, deitada em sua cama.

– Luciana! gritou, surpreso.

– Se Maomé não vai à montanha...

– Você enlouqueceu? Como conseguiu entrar no meu apartamento?

– Pela porta! Senti saudade, uma enorme saudade de você e vim lhe fazer uma visitinha. A porta não estava trancada. Entrei e aqui estou ansiosa para transar com você, meu amor. Não me recrimine. Muitas vezes, fizemos isso. Afinal, sexo não é amor. Venha... Sou toda sua! Me ame... mesmo de mentirinha, me abrace, me afague! gemia com trejeitos sensuais.

– Luciana, você está fora de si!

– Acertou, Sam! Estou completamente fora de mim. Estou em você. Hoje, o dia todo, só pensei em você. Eu dizia a mim mesma: será que o Sam está em perigo?... Doente?... Por que não veio mais me ver?... Talvez, ele precise de mim! Uma força estranha me arremessou de repente até você. Não era minha intenção, juro!

Samuel aproximou-se dela tentando persuadi-la a se vestir. Inesperadamente, ela o enlaçou pelo pescoço, e beijava-o com loucura, arranhava suas costas com as unhas, sugava-lhe o peito...

Ele, vencido por sua insistência, entregou-lhe o corpo e consentiu que saciasse o seu desejo. Luciana dava gritos de prazer, uma mistura intercalada de riso e de pranto, esfregando-se em Samuel com sofreguidão.

Após o ato, permaneceram deitados, em silêncio. Nenhum dos dois estava satisfeito. Samuel se condenava por não ter tomado uma atitude mais enérgica. Devia tê-la forçado a se vestir, voltar para casa, e a questão teria sido encerrada de pronto.

Luciana havia se embriagado. A despeito de tudo, ainda o considerava como o seu homem, seu ancoradouro. A bebida a persuadira. Em situação normal, indubitavelmente, não teria agido daquela maneira.

Encerrada a fase de embriaguez, Luciana desculpava-se arrependida de tamanha palhaçada. Fora uma cena extremamente ridícula, humilhante e desastrada. Estava abatida, indignada consigo mesma. Saiu do apartamento, cabisbaixa, nem se despediu de Samuel.

Precisava urgentemente reagir, esquecê-lo e seguir outro rumo. “Adeus, Samuel!” disse em pensamento. “Obrigada, pelos momentos agradáveis que desfrutamos juntos. Agora, preciso cuidar de mim. Adeus, Sam! Foi muito bom enquanto durou”.

Jurou a si mesma que um incidente igual jamais haveria de acontecer. "Perdoa-me por ter sido tão frágil. Juro-te que, nunca mais, haverei de te constranger... Adeus!"

(Trecho extraído do livro Alucinações de um homem chamado Poeta, de minha autoria, publicado no Clube de Autores). V/ link abaixo:

https://www.clubedeautores.com.br/book/154188--ALUCINACOES_DE_UM_HOMEM_CHAMADO_POETA#.U0yAG1VdWSo


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