O garoto nascera e vivera os primeiros anos como um garoto qualquer. Era tímido por demais, o que o mantinha afastado das pessoas e o levava a viver a maior parte do tempo no seu próprio mundo. Por isso ele não tinha amigos, exceto o filho dum vizinho, o qual também era da sua idade e com o qual costumava brincar. Fora isso, Marcos passava a maior parte do tempo em casa, com os seus próprios brinquedos. Aliás, na mais das vezes não trocava a sua solidão por uma ida à cidade com o pai ou a mãe, já que moravam numa casinha simples de dois quartos cerca de 15 minutos de onde começava de fato as primeiras moradias do perímetro urbano. Para chegar até sua casa, havia tão somente uma trilha de terra por onde nem carro passava. Também não precisava, já que seus pais não tinham condições financeiras de comprar um. Marquinhos, como era carinhosamente chamado por entes queridos, era um garoto ainda na infância. Além da timidez, era franzino e delicado, como a maioria dos introvertidos. Por ser branquinho e de cabelos lisos, denotava uma aparência quase feminina, embora vestisse, agisse e se via como um garoto, o que de fato era. Se os pais ou alguém próximo chegou a duvidar de sua masculinidade, ele nunca chegou a saber. O pai, assim como outros três empregados, trabalhava numa fazenda não muito longe dali, para onde o menino começou a ir ao completar dez anos. De início, Marquinho ia aos sábados e domingos, já que estudava nos demais dias. Mas depois passou a ir três ou quatro vezes por semana, assim que chegava da escola. Não ganhava nada por isso. E se o pai recebia alguma coisa a mais pela ajuda do filho, ele nunca ficou sabendo. Se nos primeiros meses ia por imposição do pai, depois passou a preferir o trabalho a ficar em casa sozinho. Tudo por causa de uma nova amizade. Acabou tornando amigo de uma dos empregados, um rapaz pardo de vinte anos, contador de piadas e histórias mirabolantes, o que agradava ao garoto. A amizade entre Marquinho e Adilson foi se estreitando cada vez mais, a ponto de estarem juntos todo o tempo que o menino passava na fazendo. O pai, vendo o quão bem fazia a amizade do filho com Adilson, até porque este era atencioso com o menino e procurava lhe ensinar o que sabia, convidou o colega para dormir vez ou outra em sua casa. E quando Adilson dormia lá, ficavam até tarde da noite no quarto jogando baralho e contando histórias. Nos domingos à tardinha, quando todos estavam dispensados, ambos saiam para pescar num ribeirão que passava nos fundos da fazenda. Foi talvez a época mais feliz para aquele garoto introveertido, cuja timidez desparecia quando estava com o amigo. Tanto é verdade que, nos domingos de muito calor, deixavam por alguns instantes a pescaria de lado, tiravam a roupa e pulavam no rio. Claro que na primeira vez houve uma certa reticência por parte do garoto, mas depois acabou agindo com naturalidade, como aliás ocorreu nas brincadeiras onde promoviam uma espécie de luta corporal cujo objetivo era derrubar o outro na água. Tudo isso passou a fazer parte da rotina deles, o que estreitou ao máximo a amizade entre ambos, levando Marquinho a participar de tudo que o amigo fazia. E vez ou outra Adilson precisava ir nos mais distantes recantos da fazenda, já que se tratava de uma propriedade com mais de 30 alqueires de terra, para consertar uma cerca, procurar uma vaca perdida ou mesmo cortar capim para tratar dos animais, pois as vacas leiteiras alimentavam-se de capim e farelo todas as manhãs. E isso, às vezes, custava metade do dia. Marquinho não se importava, pegava sua trouxinha de lanche e partia com o amigo. Num sábado de Julho, Adilson e um outro empregado, cujo nome era Odair, ficaram incumbidos de ir até os limites da fazendo, onde o rio passava, para refazer uma cerca, pois os moirões apodreceram e alguns animais, ao forcá-la, conseguiram derrubá-la e atravessar para a fazenda vizinha. O trabalho duraria praticamente o dia todo. Na hora de partirem porém, Odair acabou escorregando num monte de fezes de vaca e torcendo o pé. Marquinho se dispôs a ir com o amigo. O pai nem fez objeção e muito menos o administrador da fazenda. E assim partiram por volta de dez horas, pouco depois almoço. O trabalho se mostrou árduo, mas os dois rapazes encarou-o com alegria e disposição. E quando se sentiam cansados, tiravam a roupa e pulavam no rio, mesmo com a água um tanto fria por causa do inverno. O serviço, terminaram por volta de três e meia da tarde, quando o sol ainda cruzava o céu azul. “Ainda tá cedo! Vamos ficar aqui, descansando até mais tarde. Eles não sabem que horas a gente terminou mesmo”, disse o amigo. Marquinho assentiu, porém sugeriu um mergulho no rio, o que ambos fizeram. Como a água estava fria, não demoraram ali. Deitaram-se lado a lado, sobre uma grande pedrá e ficaram contemplando a imensidão do espaço por algum tempo. Súbito porém, Adilson perguntou: “Já viu uma vaca e um boi cruzar?”. “já. Por quê?”, perguntou Marquinho. “Sabia que as pessoas também fazem isso?” “Isso o quê?”. “Cruzar. Só que elas chamam de meter”, explicou o amigo. “Não.” “Sabe como fazem?” “Não”, respondeu Marquinho. “Quer que eu te mostro?”. Marquinho porém não respondeu. Adilson, ficando excitado e sucumbindo aos impulsos, insistiu: “Vai! Deixa eu fazer contigo?”. Nisso, virou para o lado e começou a acariciar as coxas do menino. “Não, não precisa”, respondeu o menino de forma firme. Havia uma forte tensão em sua voz e o coração acelerara de tal forma que quase se podia ver o peito sacudir. “Vá! Só um pouquinho! É gostoso!”. O menino não se mexeu contudo. O amigo então lhe pegou o pequenino falo e o acariciou por alguns instantes. Sem reação e em pânico, Marquinho continuou imóvel. “Vai, vira pra mim! Vai ser muito gostoso, você vai ver”, insistiu. Sem ver uma saída, ele acabou cedendo. Virou de bruços e aguardou. Com cuidado, Adilson deitou-lhe sobre e o abraçou. Marquinho sentiu o peso do amigo, apesar de tomado pela vergonha. Mas o que mais estanhou foi a presença de algo duro e volumoso no meio das nádegas. Sabia o que era, pois seu falo também crescia e ficava duro; só não imaginara que aquele poderia ser tão grande. Súbito, sentiu o amigo mover os quadris e aquele troço deslizar-lhe por entre as pernas. Ele não queria fazer aquilo e se sentia ultrajado até o fundo da alma, mas não tinha forças para pedir ao outro para parar e sair de cima dele. “Tá vendo? É assim que faz”, disse Adilson, cujos quadris subiam e desciam mais rápido. E aqueles movimentos continuaram. De repente o menino ouviu gemidos e algo escorreu-lhe pelo vão das nádegas. Então Adilson parou de se mover e apenas ficou respirando ofegantemente sobre ele. “Chega! Vamos nos limpar e voltar”, disse o rapaz. Entraram no rio e se limparam em silêncio; apanharam as ferramentas e retornaram sem dirigir a palavra um ao outro, até as proximidades da fazenda, quando o mais velho pediu: “Não conte nada pra ninguém, senão tu vai levar uma bela duma surra e eu vou ser mandado embora”. O menino prometeu não contar. E nem precisaria ter feito a promessa. Não teria mesmo coragem de contar a quem quer fosse aquelas coisas. Era um segredo seu e este morreria consigo. Ao chegar na Fazenda porém, não esperou o pai. Voltou sozinho para casa, coisa que nunca fizera. O pai, apesar de estranhar o comportamento do filho, não procurou saber o motivo. Achou que o menino só estava cansado. E nem quando o filho não apareceu no trabalho, no dia seguinte, procurou investigar. Até porque o menino apareceu dois dias depois, embora tenha se afastado do amigo nos dias seguintes. De fato Marquinho não tinha coragem de encarar Adilson, pois toda vez que o via, a imagem do amigo fazendo aquelas coisas lhe vinham à memória. Mas a falta do outro acabou curando a ferida. Adilson também não esqueceu o episódio, pois vira naquele menino uma fonte inesgotável de prazer. E nem mesmo o fato de saber que estava fazendo algo muito errado o demoveu de fazer de novo cerca de um mês depois, quando os dois estavam no canavial, cortando cana para tratar do gado. Era um final de tarde. Tinham parado o serviço em brincavam de pega-pega. Súbito, Adilson o alcançou e, agarrando-o, derrubou-o no chão, caindo por cima do menino. Estavam numa pequena clareira no meio do canavial. Então ambos se olharam. Súbito, Adilson pediu: “Deixa eu meter um pouquinho em você de novo?” Marquinho recusou, disse que não queria. Mas rapaz foi insistente, até convencer o menino. Aliás, ameaçou-o dizendo que contaria para os colegas o que ele era bicha e gostava de dar a bunda. Assustado, vendo a vergonha que faria seus pais passarem, o menino concordou. Ao terminar, o rapaz tornou a ameaçar o menino, dizendo que não era para ele ficar sem falar com ele. Assim Marquinho viveu por mais de um ano, o suplício de ser pelo menos uma vez por semana, violentado pelo melhor amigo, o qual, com o correr do tempo, passou a praticar os atos mais vis, como a penetração Anal, o que arrancou lágrimas de menino, ou a felação, onde na quarta vez, fê-lo sorver o fruto do prazer, o que levou o menino a ter ânsias de vômito e a recusar a comer o resto do dia. Os abusos ocorriam a qualquer hora do dia e em qualquer lugar, onde não havia o risco de chegar alguém. E por mais de uma vez, estes ocorrem bem embaixo do nariz dos pais. Como Adilson adquirira o hábito de dormir na casa do menino vez ou outra, e este dormia no mesmo quarto que o menino. No meio da noite, o rapaz saia da sua, um colchão estendido no chão, ia até o menino, acordava-o e o obrigava a deitar na cama do visitante, pois no chão não rangeria e não faria barulho. Ao se deitar de bruços, o menino tinha o shorts arriado até os joelhos e então era penetrado pelo rapaz. Apesar de Marquinho ter se fechado ainda mais dentro de si e agir de forma temerosa com o amigo, muitas vezes procurando evitá-lo, os pais nunca chegaram a desconfiar dos abusos. E estes teriam continuado indefinidamente se, ao final do ano letivo, quando Marquinho terminara o primário, os pais não o tivessem enviado para morar com a avó, para continuar os estudos na cidade. O menino cresceu e de certa forma superou os abusos. No entanto, nunca foi capaz de um relacionamento duradouro com uma mulher. O ato sexual sempre fora embaraçoso e frustrante. Ele também nunca deixou de ter, num momento ou noutro, uma espécie de recaída, onde os impulsos homossexuais o fazia desejar que alguém como o amigo, ou o próprio amigo, fizesse aquelas coisas com ele. Isso ocorria quando ele estava as sós e era cometido de uma excitação. Mas era só o desejo cessar que a vergonha o invadia e então ele se recriminava, como se ter tais pensamentos e desejos fossem pecados. Como o avançar da puberdade, esses impulsos se tornaram mais fortes, provocando nele uma revolta consigo mesmo. Houve momentos em que ele chegou a se autoagredir, quase mutilando, numa das oportunidades, os órgãos genitais. No entanto, esses impulsos só se faziam mais fortes e mais intensos. Um dia não suportou mais. Estava profundamente depressivo, agravado pela perda da avó. Foi ao supermercado e comprou uma cenoura, a que mais se parecia com uma pênis; foi a uma papelaria não muito longe dali e adquiriu um estilete; e, por fim, foi ao depósito na esquina de casa e comprou uma corda. Voltou ao apartamento para onde se mudara desde que a avó falecera há pouco mais de seis meses, despiu-se, amarrou a corda no registro do chuveiro, passou pelo pescoço de forma que não lhe fosse possível se abaixar, pegou a cenoura, untou-a com creme, introduzi-a totalmente no ânus apesar da dor, agarrou com uma das mãos os órgão sexuais de forma que tanto o pênis quanto os testículos ficam juntos, pegou o estilete e cortou-os fora. O sangue jorrou-lhe no meio das pernas. Ele deixou cair das mãos ensanguentadas o estilete, os testículos e o falo, bambeou as pernas e soltou o corpo. Só não caiu no chão porque ficou dependurado pelo pescoço. Foi assim que a polícia o encontrou dois dias depois, quando o cheiro começou a incomodar os vizinhos.
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