Sempre fui especialmente ligada à lua. E sempre que está cheia, como nos últimos dias, separo um tempo pra apreciar.
Pela posição natural, da janela da cozinha, onde termino o dia cumprindo as funções de uma dona de casa normal, tenho uma visão privilegiada, da magnífica, com seu aro reluzente, bem em cima de um pé de jambo. Algumas vezes me propus a fotografar, mas as lentes amadoras nunca proporcionarão o mesmo efeito que a visão.
Por outras, quando estou nos fundos da casa, também exercendo meu direito de ser dona de casa, com uma infinidade de arrumações que não tem fim, tenho um banco, réplica de outro, que repousa em minha casa de campo, onde um dia sentei juntinho com meu amor, e ele está numa posição privilegiada, que me dá a imagem da lua, completa e linda no céu.
Ali, passo meus curtos e raros momentos, quando não tem ninguém a chamar. Ali, cercada de solidão, me vejo livre em meus pensamentos, em minhas lembranças, fonte de inspiração, espaço para tristezas e saudades acumuladas.
Vez por outra desce alguma lágrima, produzida por desejos não realizados, ou por simplesmente lembrança de momentos de rara beleza e amor.
E assim passo esse tempo. Só eu, e ela, magnífica lua.