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ADVERTÊNCIA:
O que se publica aqui na íntegra são anotações encontradas pela polícia de Juiz de Fora quando invadiu a residência do Dr. Mathias e libertou vários jovens, mantidos prisioneiros por mais de 2 anos. São vários cadernos. Não é possível precisar exatamente quantos eram. Quatro destes foram achados, mas haviam pelo menos mais três, cujo paradeiro ainda é desconhecido. A maioria das anotações não estão datadas, o que não nos impediu de precisar quando foram escritas embora uma pequena minoria não pode ser datada. Essas anotações, que formam uma espécie de diário, seguem uma ordem cronológica. Iniciam-se com um plano para sequestrar jovens a fim usá-los como escravos sexuais. Algumas passagens são assustadoras e descrevem em detalhes raptos, torturas, violência sexual e mutilação genital, o que nos leva a crer que se trata de alguém a quem podemos chamar de monstro, apesar de aparentar ser uma pessoa completamente normal.
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[QUI, 23/12]
Acertei tudo com Juarez. Está empolgadíssimo. Parece que não vê a hora de ter uma mulher. Coitado! Deve estar cansado de bater punheta. Vou à Juiz de Fora amanhã com Marineide comprar a ceia de Natal. Ela vai telefonar para os filhos. Também vou trazer camisinhas para Juarez. Ele não se opôs em usá-las. Disse-lhe que Roberta é como uma prostituta, a qual ele não poderá beijar sobre hipótese alguma. Se o fizer, não transará mais com ela. Dei-lhe permissão para chupar-lhe os seios, caso queira, mas não poderá mordê-los e nem deixar marcas no corpo dela. Vai que ele é daqueles que gostam de violência. Muitos homens são assim, selvagens. Disse-lhe também que após o gozo terá de sair imediatamente dela e não poderá penetrá-la novamente. Não quero o sêmen dele nela. Não quero correr riscos. Também não deve lhe dar ouvidos ou atender qualquer pedido que ela venha a fazer. Aliás, caso ela venha fazer alguma insinuação, isso deve ser reportado depois. Para continuar transando com ela terá de ser honesto. Disse-lhe que poderá transar com ela uma vez por semana. Ele concordou com tudo. Também quem não concordaria nessas condições? Sou muito egoísta e não é fácil dividir o que é da gente com outra pessoa, ainda mais uma mulher com outro homem, mesmo tendo tantas. Mas é um sacrifício que só poderá me trazer dividendos. Juarez se compromete ainda mais comigo, o que torna ainda mais difícil uma traição. Ele está cada vez mais envolvido, atolado até o pescoço nisso. |Assim, nunca vai me trair. Por isso vou fazer o mesmo com Marineide: deixá-la transar com um dos meninos. Rafael é homem, não preciso dos cuidados que tenho de ter com Roberta. Nesse caso, o ônus é dela. É ela quem vai receber o sêmen dele, vai ficar toda esporrada. Ainda sim vou exigir que ele use camisinha. Não a quero grávida. Isso só me traria dor de cabeça. Bom vou dormir agora. Estou exausto. Passei mais de duas horas aqui com Ana Paula. Primeiro, a fiz me acariciar um pouco com aquelas mãozinhas delicadas, depois chupei aquela bucetinha cor de chocolate amargo com recheio de morango até sentir o gosto do melzinho dela, aí penetrei-a e deixei meu gozo ali; saí dela e a fiz chupá-lo novamente. Ah, que prazer! Gozei de novo naquela boquinha. Ela fez careta e quis afastar os lábios, mas não permiti. Gosto de vê-las experimentando o sabor de meu sêmen. Já fiz muito isso quando tinha a idade dela. E eu tinha de engolir tudo, ouvindo aquela baboseira de que era o leite da vida, enviado por Deus. Diziam isso com a maior naturalidade. Ela também se acostumará e depois passará até a gostar.
[24/12]
Saímos depois do café da manhã. Marineide estava empolgadíssima por falar com os filhos. Parecia ter ganhado na loteria. Enfim, falou com eles por meia hora. Foi o tempo que lhe dei para ficar ao telefone. Depois ajudou nas compras e nos presentes para meus prisioneiros, sempre prestativa. Ficou falando nas crianças o tempo todo. Até na volta. Liguei para meu filho. Falou comigo como se falasse com um estranho. Nem sei porque ainda me atendeu. Talvez por causa do meu dinheiro. Afinal é meu herdeiro. Disse-lhe que estou morando no Rio de Janeiro. Falamos por poucos minutos. Não tínhamos muito o que falar. Nunca vai me perdoar, pelo que lhe fiz. Como ficaria tarde para preparar o almoço, comprei tudo pronto. Marineide só precisou fazer a salada. Depois do almoço voltei à Benfica com Juarez. Ele também queria falar com seus familiares. Aproveitei para reafirmar todas as recomendações. Passou no salão, cortou o cabelo e até comprou perfume. Como os homens são idiotas! O que não fazem por uma boceta. Tudo bem que Roberta não é uma boceta qualquer. É bela e sexy. Acabei de vê-lo agorinha a pouco. Até parece que vai a uma festa. Para que se arrumar desse jeito, se o que vai fazer o fará sem roupa? Já está escurecendo. Vou pedir Marineide para servir a ceia por volta de oito horas. Não tem necessidade de ser muito tarde.
Deu tudo certo. Roberta já está de volta à cela. Parece um prisioneiro a deixar o tribunal, onde fora condenado a pena capital. Chora o tempo todo. Parece ter sido ferida em toda a sua dignidade. Deve estar se sentindo um lixo ou coisa pior. Eu também me senti assim, no começo. E eu era apenas um garotinho. Imagino quantas não se sentem dessa forma ao serem atiradas ao mundo da prostituição. Não há nada que ela possa fazer. Tem de aceitar o destino, como eu aceitei o meu. Ela não o tem em suas mãos. Deve ter sido um choque. Primeiro aquela ceia. Algumas estavam até bastante alegres, apesar das condições, embora ela parecia indiferente. Os presentes tornou o clima ainda mais descontraído. Até ela pareceu feliz com o seu ursinho de pelúcia (comprei um para cada). Mas depois vi a cara de surpresa quando foi levada para fora e para os aposentos de Juarez. Quis saber para onde estava sendo levada. Assustada (ela estava desconfiada de que algo de ruim lhe aconteceria), perguntou: o que vocês vão fazer comigo? Respondi: nada demais. Nada que eu já não tenha feito. Antes de sair, disse a Juarez: ela é toda sua. Roberta começou a gritar: não! Por favor, me tire daqui. Não quero. Não sou puta. Ainda vi as lágrimas correrem-lhe pelo rosto. Fiquei do lado de fora de vigília, por precaução. Não foi uma espera agradável. Ainda a ouvi implorar para que não a estuprasse. Mas duvido que ele pensou, em algum momento, recuar. Devia estar em chamas, fora de si. Ao sair, para dizer que já tinha terminado, parecia um rapazola que acabara de deixar a virgindade num prostíbulo. Esse não me trai e nem me abandona nunca mais. Não vai querer perder esses momentos. Sabe que nunca poderá ter uma garota como Roberta, tão jovem e jeitosa assim. Agora ela está lá na cela, mais inconsolável do que quando chegou aqui. Assim como se acostumou com as grades, também se acostumará com a nova condição. Já está tarde, quase meia-noite. Vou lá embaixo buscar Sandrinha. Ela não gostou quando Roberta deixou a cela. Talvez pensasse que eu a tinha preterido justamente numa data tão especial como essa. Bobinha. Vou recompensá-la. Ela merece.
25/12
Ah, como é bom acordar ao lado de uma menina, de um botão de rosa ainda por desabrochar! É como acordar no paraíso, nos braços de um anjo. Sandrinha está tão feliz com os brincos. Quando ela entrou no meu quarto ontem à noite, disse-lhe para sentar na penteadeira, diante do espelho. Então lhe aproximei os brincos das orelhas. Ah, que sorriso! Quanta inocência! Pegou-os e os contemplou, como uma jovem apaixonada ao ver o namorado apresentar-lhe o par de alianças. Por fim disse: mas minhas orelhas não são furadas. Respondi-lhe: não tem problema! Furo-as agora mesmo! Ficou com um pouco de medo, de doer. Mas foi coisa simples. Dormiu com os brincos nas orelhas. Hoje mais cedo, fez questão de sentar à mesa e balançar o rosto para que Marineide e Juarez vissem. Ela tem essa necessidade de mostrar para os outros quando ganha alguma coisa. Não é a primeira vez que faz isso. Marineide comentou que Roberta não quis tocar no café da manhã. Sandrinha quis saber o que aconteceu com a outra na noite anterior. Contei-lhe. Quis saber porque fiz isso. Expliquei-lhe que todo homem precisa duma mulher e que Juarez estava precisando. Pareceu um pouco preocupada e perguntou: ele vai transar com as outras também? Não, só com a Roberta, respondi. Em seguida acrescentei: não precisa ficar com medo. Nunca deixarei outro homem te tocar. Isso a tranquilizou. Enquanto for minha, ninguém toca nela. Disse-lhe para voltar à cela e ficar atenta. No finalzinho do dia voltará para me relatar o que ouviu. Juarez desceu com ela. Marineide aproveitou para mostrar seu descontentamento com o que fizemos com a menina. Disse que é humilhante. Rindo, falei: vai chegar sua vez. Vou te dar um dos meninos. Ela não disse nada. Mas quem cala consente. Há uma hora atrás resolvi fazer uma visita de rotina aos meninos. Gosto de observá-los; ainda mais nus! Isso costuma despertar desejos em mim. A maioria estava sentada na cama, conversando. Só Marcelinho jazia de bruços na cama. Olhei para aquela bunda e imagens de nossos momentos veio-me à memória. Uma vontade de acariciar, apertar e deslizar meu falo naquelas nádegas surgiu. Levei-o a estúdio e satisfiz essa vontade, mas não sem muitas carícias antes. Cheguei até a mordê-las levemente. Havia dias que não lhe deixava minha seiva. Antes porém, presentei-lhe com dois bombos e disse-lhe que, ao ser um bom menino, só terá o que ganhar. Acho que entendeu o recado. Foi tão delicado e submisso. Quero transformá-lo numa espécie de Sandrinha. Espero que ele corresponda.
[26/12]
[Cedo]
Ontem, pouco depois de escurecer, fiz questão de ir eu mesmo buscar Sandrinha. Ainda a mantenho lá na cela, com as outras, mas ela mesma me disse que as outras meninas, principalmente Roberta e Marcela, a veem desconfiança, como uma espiã, dedo-duro. Sabem que ela está do meu lado e que conta com a minha proteção. Disse que evitam falar com ela e que cochicham para que ela não ouça. Eu sabia que isso aconteceria. Melhor assim. Dessa forma ela sabe que só pode contar comigo. Isso só pode me favorecer. Quanto à Roberta, contou que está cheia de ódio. E acrescentou: ela disse bem na minha cara: “Pode contar pra aquele velho nojento que eu odeio ele. Sei que você conta tudo, sua nojenta”. Então quis saber: o Juarez vai se deitar com ela de novo? Respondi: vai sim. Mas não agora. Só daqui a uma semana. Mas não conta isso para ela. Deixe ela na incerteza. É melhor para ela. Dormimos juntos mais uma noite. Para me agradar, quis me oferecer seu corpinho jovem. Sentou no meu colo e pegou-me o falo, acariciando-o. Disse-lhe que não queria transar com ela. Quis saber o motivo. Disse-lhe que estava com dor de cabeça. Preferi mentir. Ela ainda não sabe sobre os meninos na outra cela. A TV ligada e o isolamento impede que os prisioneiros de uma cela ouça o que ocorre na outra. Foi uma grande jogada manter as duas celas totalmente independentes e isoladas. Mas brevemente vou lhe contar. Ainda mais que ela passa a maior parte do tempo aqui em cima. Aninhou nos meus braços para dormir, mas não conseguiu. Algo a inquietava. Uns quinze minutos depois descobrir. Estava excitada. Pegou na minha mão a levou à vulva. Estava encharcada. Como pode? Uma menina nessa idade ficar nesse estado? Não resisti e a acariciei. Meu falo não aguentou e começou a ganhar forma. Enfim, arrastei-a para cima de mim e deixei que ela assumisse o controle. Acordamos agorinha a pouco. Está um belo e ensolarado domingo. Mais tarde, vou levá-la à cachoeira. Mas não vou lhe contar ainda. Vai ser uma surpresa. Agora está lá na cozinha com Marineide.
Noite
Quase não resisti ao pedido de Sandrinha para levá-la à cidade quando fui fazer as compras para o almoço. Nunca me senti tentado assim. Tenho de tomar muito cuidado. Ela está mexendo com meus brios. É um projeto de ninfa, mas de um encanto sem tamanho. Temo inclusive que me faça perder o interesse pelos demais prisioneiros. Não, isso não! Isso não vai acontecer. Disse-lhe que precisava resolver umas questões importantes e que não poderia levá-la dessa vez. Prometi fazer isso qualquer dia. Ainda preciso ter certeza de que não me trairá quando a oportunidade surgir. Levei-a à cachoeira à tardinha, depois do banho de sol dos prisioneiros. Contei-lhe acerca da minha condição financeira. Disse-lhe que sou um homem rico, dono de muitas posses. Fiz-lhe uma proposta. Se ela se manter fiel a mim, vai ser uma rica. Disse-lhe que talvez viverei mais uns vinte anos; não muito mais do que isso. Prometi lhe deixar em testamento a metade do que tenho. Disse-lhe que ela vai ser uma pessoa muito rica e que vai poder ter tudo que quer. Ela disse que nunca me trairia, mesmo que eu não lhe prometesse nada. Isso é muito bom. Tenho certeza que essa promessa vai mexer com a cabecinha dela. Farei a minha parte, embora ainda não saiba como. Na volta para casa, levei o maior susto. Deparamos com uma família: um casal e dois filhos. Estão passando uns dias numa propriedade próxima e vieram conhecer a cachoeira. Perguntaram se Sandrinha era minha filha. Sem pestanejar, ela assentiu. Ainda me chamou de “pai” em dado momento. Perguntaram se morávamos nas proximidades. Disse-lhe que não, que só estávamos passando uns dias na propriedade. Sandrinha emendou: somos do Rio de Janeiro. Apenas confirmei. Pareciam muito dispostos a travar amizade. Inventei uma desculpa para nos livrarmos deles. Elogiei-a pela esperteza. Vou deixá-la dormir aqui em cima de novo, apesar das críticas de Marineide.
28/12
Marineide está preocupada com o excesso de liberdade de Sandrinha. Disse que qualquer hora vamos nos descuidar dela e ela vai fugir e nos entregar. Disse-lhe para não temer, que ela não vai me trair. Insistiu que a menina é uma criança ardilosa e está fazendo isso para escapar. Não concordo. Sandrinha é inteligente, quanto a isso não tenho dúvida; não está agindo assim para escapar. Não seria capaz disso. É muito para a cabecinha dela. Não é o tipo de mulher que seduz para dar o golpe, feito uma viúva-negra. Ainda não cresceu o bastante para adquirir esse tipo de caráter. Só age por instinto. Por isso gosta de sexo. Pode parecer absurdo, mas ela sente prazer. Vejo o estado da vulva dela quando troca carícias comigo. Não é fingimento. Só é estranho uma menina tão nova assim gostar tanto de sexo e sentir prazer dessa forma. Talvez por causa dos lábios: grandes e expostos. É raro mais acontece. E apesar de ter sido raptada, parece feliz aqui. Talvez os presentes e os privilégios, a forma carinhosa com que é tratada tenha moldado seu comportamento e a afeiçoado a mim. É uma excepcionalidade. Não vejo o mesmo nos outros prisioneiros. A maioria me odeia e não pensaria duas vezes em me matar se tivesse a oportunidade. Ela não. Não será capaz nem de pensar uma coisa dessas. Apesar de todos os meus argumentos, Marineide não se convenceu. Chama Sandrinha de “aquela criança depravada”. Contei-lhe que pretendo lhe dar ainda mais liberdade. Marineide me chamou de louco. Disse que eu estou perdendo o juízo, que Sandrinha está virando a minha cabeça. Chegou a perguntar se eu estava apaixonado pela menina. Neguei. Mas tenho de reconhecer que estou encantado por ela; mas não ao ponto de perder o juízo. Aliás, disse-lhe para ficar de olho nela. Depois falou da minha preferência pela menina. Parece não gostar desse preferência. O senhor nem liga mais para os outros, chegou a dizer. Ligo sim, respondi. Conversamos por quase meia hora. Ela inclusive me criticou por transar com meninos. Quis saber por que eu gosto de meninos. Não contei do meu passado, de como faziam comigo coisas muito piores do que faço com aqueles meninos. Passam por isso só de vez em quando. Eu tinha de passar quase toda noite, muitas vezes uma noite com um, outra com outro. Mais de uma vez passei o dia com mais de um: eles se revezavam. Até nisso aqueles meninos têm sorte. Talvez um dia lhe conto o faziam comigo. Vai ficar horrorizada. Respondi apenas que é diferente, que eles me fazem sentir coisas que as meninas não conseguem. E é verdade mesmo! Isso acabou me dando vontade de passar alguns momentos com um dos meninos. Wesley foi a bola da vez. Coitadinho! Cheguei a machucá-lo um pouco. Voltou choramingando para a cela.
[29/12]
Sandrinha não gostou muito de ser mandada de volta à cela logo cedo. Disse-lhe que precisava, por questão de segurança. Mas prometi deixá-la subir mais tarde. Precisava fazer uma reunião com Juarez sobre ela e não queria que ela ouvisse. Disse-lhe que Sandrinha vai passar a ficar aqui em cima, morando comigo. Não será mais mandada para a cela. Ele ficou surpreso, mas disse que já esperava por isso. O senhor vem fazendo os gostos dela como um pai faz por uma filha, disse. Gosto da presença dela aqui, respondi. E acrescentei: ela não tentará fugir. Gosta daqui. Juarez achou um pouco precipitado, mas concordou que ela se comporta como se aqui fosse a casa dela. Ela parece não se sentir prisioneira, afirmou. Ela tem razões para gostar daqui, falei. Então lhe contei sobre a condição dela. As coisas não deviam ser fáceis para ela, ainda mais sendo uma criança, concluiu. Por fim sugeriu-me soltá-la aos poucos, como eu venho fazendo. Antes de encerrarmos a nossa conversa, prometeu aumentar a vigilância. Pedi-lhe para me informar qualquer comportamento estranho da parte dela, principalmente quando não estiver comigo. Se ela estiver fingindo, vai se revelar quando achar que está sozinha. Só não entendi o porquê de sugerir antes de sair: eu sei que o senhor gosta deles todos nus por aí, mas acho melhor ela usar pelo menos uma calcinha. Vi como ele estava meio sem jeito de fazer tal sugestão, por isso não o perguntei a razão. Farei numa outra oportunidade. De toda forma, acatei-a. Vou comprar-lhe calcinhas e exigir que ela as vista. Resolvi também contar-lhe sobre os meninos. Mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir e pode reagir negativamente. Mas não ainda. Deixarei que se acostume aqui em cima primeiro. Uma novidade de cada vez. Aliás, já que vai viver aqui, levei-a para ajudar a cuidar do jardim. Mostrei-lhe as flores e perguntei o nome. Ela não soube me dizer. Só reconheceu as rosas. Ensinei-lhe o nome de cada uma. Inclusive como identificá-las pelos caules e folhas. Ficou encantada. E foi durante essa explanação que me ocorreu de que ela precisa de estudos. Se vai agir como minha filha, não pode ser uma analfabeta. Tenho de pensar como vou educá-la. Não posso mandá-la para uma escolha. Pelo menos por enquanto.
30/12
Durante o café da manhã debati com Marineide sobre a ceia de Ano Novo. Por ser uma mulher a opinião dela era importante. Nunca me preocupei com esse negócio de ceia, ainda mais que no Brasil o costume é diferente. Minha ex-mulher cuidava de tudo. E depois que separei, ia a um bom restaurante e pedia a sugestão da casa, desde que não fosse aves. Marineide disse que nunca tinha comido peru. Pois vou abrir uma exceção e vamos ter peru, embora nós, os alemães não comemos aves no Silvester. Sugeri costelinha de porco e cordeiro assado. É o que costumávamos comer na Alemanha. Ela não sabia o que era. Tive de lhe explicar. Vou a Juiz de Fora amanhã cedo fazer as compras. Algumas coisas já vou trazer prontas. Decidi levar Sandrinha comigo. Tanto Marineide quanto Juarez acharam cedo demais, mas resolvi arriscar. Vou levá-la numa loja de roupas para comprar-lhe calcinhas. Ela está usando a que vestia quando foi raptada, mas disse que está muito apertada. E é para estar mesmo. Já está há mais de dez meses aqui. Nessa idade eles crescem rápido. Perguntou porque tem que vesti-la. Disse que é por segurança, já que ela vai passar mais tempo aqui em cima. Não a quero andando nua pela casa, foi o que lhe disse por fim. A noite passada ela me deu muito prazer, como sempre, mas hoje estava querendo algo diferente. Às vezes sinto essas vontades. Enquanto ela tirava um cochilo no sofá da sala, desci lá embaixo e levei Almir para o estúdio. Fazia mais de um mês que não desfrutava daquele corpinho inocente. Desde a última vez em que lhe machuquei o ânus, resolvi dar-lhe um bom tempo para se restabelecer. Fui bastante cuidadoso. Ele chegou a choramingar quando o levei para o estúdio. Estava com muito medo. Talvez lembrando das dores. Mas tranquilizei-o, dizendo que faria de tudo para não doer. Penetrei-o só depois de usar um vibrador para dilatar-lhe o ânus. Nesse ínterim, enquanto acariciava-lhe o pênis, para deixá-lo bastante excitado, introduzi um plug anal próprio para ânus estreitos. Deixei-o ali por uns dez minutos. Só então, quando aquele pauzinho estava durinho feito uma salsicha, tirei o plug e usei por mais alguns instantes o vibrador. Dilatado, não tive dificuldade em penetrá-lo. Ele contraiu os olhos e os músculos da face algumas vezes, deixando escapar um ai, mas não creio que tenha doído tanto assim. Não houve lágrimas ou sangramento dessa vez. Pela primeira vez, não voltou mancando para a cela.
31/12
[TARDE]
Voltamos há cerca de duas horas de Juiz de Fora. Sandrinha se comportou impecavelmente. Confesso ter ficado com muito medo dela sair correndo e me denunciar no começo, mas nada disso ocorreu. Superou minhas expectativas. Ficou encantada por entrar nas lojas e poder escolher as próprias roupas. Ela me chamava de pai o tempo todo, principalmente diante de um estranho. Confesso que senti muito prazer em ouvir a palavra “pai”. Há anos que não a ouvia dessa forma. Comprei-lhe dois vestidos, camisetas, shortinhos e várias calcinhas. Embora a vendedora tenha lhe ajudado, dando sugestões, a palavra final foi dela. É assim que eu quero que ela sinta: à vontade. Não vai querer nunca mais aquela vida que levava. Comprei-lhe sorvete, doces, óculos de sol e tudo que ela quis, inclusive uma Marienkäfer [joaninha] para trazer sorte. Perguntou porque uma joaninha. Expliquei-lhe que era um costume na Alemanha. Voltou cheia de presentes para casa. Também me ajudou a comprar frutas, carnes e tudo o mais para a ceia de logo mais. Disse que nunca tinha tido uma ceia de Réveillon. Comprei fogos de artifícios. Ele quis saber para que. Expliquei que na Alemanha é costume as pessoas soltarem fogos de artifícios para espantar os maus espíritos. Agora está lá no quarto, experimentando as roupas. Vou lá no quarto lhe dizer para ir até a cozinha ajudar Marineide. Quero que ela aprenda a preparar a ceia de Réveillon.
01/01
[Após o almoço]
Finalmente estamos em 1983, um ano que tem tudo para ser ainda melhor do que foi 82. Eu não penso muito no futuro e nem faço muitos planos. Na minha idade é uma tremenda perda de tempo ficar fazendo planos. O amanhã é tão incerto. Depois dos 50 anos a vida é uma loteria. A morte nos ronda o tempo todo. A ponte, na qual atravessamos o abismo, é cada vez mais frágil e insegura. Nunca chegamos ao outro lado. É uma travessia inglória. Acabamos sempre caindo nos braços da morte. Que se viva o hoje da forma mais intensa possível, entregando-se a todos os prazeres. É só isso que nos resta. Ontem foi uma noite inesquecível, a melhor que tive em muitos anos. Ah, como foi bom poder brindar com uma taça de champagne, já que eu não encontrei Sket para comemorar, e poder dizer Prosit Neujahr. Sandrinha perguntou o que era isso. Expliquei-lhe que era uma forma de dizer Feliz Ano Novo em alemão. Estava encantada com a ceia. Ajudou-me inclusive a soltar os fogos. Disse que nunca tinha visto tanta coisa diferente num jantar. Os prisioneiros também tiveram uma ceia farta. Não seria justo privá-los desse momento, mesmo não tendo muito o que comemorar, exceto o fato de estarem vivos. Talvez por nunca terem experimentado uma champagne, quase todos fizeram questão de beber. Não teve um que não quis experimentar. Acordamos por volta de onze horas. Sandrinha dormiu nos meus braços. Minhas carícias acabaram por acordá-la. Acordei antes dela e fiquei contemplando-a. Não resisti tamanha inocência e passei a alisá-la, cheio de afeto. Minha mão passava-lhe pelo rosto, pelos quadris e pelas nádegas. Quando molhei o dedo na minha boca e passei-o docilmente naqueles pequeninos lábios, ela despertou. Fixou-me os olhos e deixou escapulir um sorriso encantador. Não resisti e lhe contei que a partir de hoje ela vai morar ali em cima. Abraçou-me fortemente e na mais completa alegria disse que me amava. Em seguida ofereceu-me o corpo. É a forma que ela tem de me recompensar. Recusei. Apenas lhe disse para deixar para mais tarde. Ainda me sentia enfastiado da ceia da noite anterior. Antes de levantar e pegá-la no colo para levá-la ao banheiro, desejei-lhe um Frohes Neues. [Feliz ano Novo] Acabamos de Almoçar. Foi uma refeição leve. Sandrinha está la fora, sentada na grama brincando com os seus presentes. Agora preciso me preocupar com os momentos de Juarez com Roberta. Será amanhã.
[NOITE]
Ainda bem que o sistema de câmeras está funcionando e os cães parecem atentos. Embora presos, foram os primeiros a dar o alerta. Juarez correu para ver e ouviu um som de automóvel. Gritei para Sandrinha entrar e pedi para que Marineide a levasse de volta à cela. Enquanto isso, corri ao sistema de monitoramento. Precisava saber quem era. Uma brasília verde estava parada diante do portão. Um casal de jovens, aparentando pouco mais de 20 anos, desciam do carro. Grito para Juarez atendê-los. Continuo observando pelas câmeras. Falam com ele por alguns instantes e depois entram no carro e vão embora. Senti um grande alívio. Juarez me relata que estavam a procura do proprietário. Ele diz que moram no Rio de Janeiro. Contam que eram turistas a procura de uma propriedade para comprar. Foi só um susto. Mas temi que fosse policiais à paisana. Nunca tinha passado por essa situação ainda. Para evitar esse tipo de surpresa vou instalar câmeras na entrada do sítio. Assim vou saber de antemão quando há alguém se aproximando. Cerca de uma hora depois, quando tive certeza de que não voltariam, Sandrinha voltou. Contou-me que foi ameaçada por Roberta e Marcela. Diz que elas chegaram a segurá-la e puxar-lhe os cabelos. Conta que ficou com medo quando elas disseram que iam estragar a beleza dela. Vou ter que tomar providências. Não vou permitir que elas a ameacem desse jeito. Não mesmo. Amanhã ela vai ter sua noite com Juarez. Esse será o seu castigo. Quanto a outra, vou pensar no que farei.
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