UM GATO DIFERENTE
Era uma vez um cidadão de educação refinada que conseguiu ensinar seu gato de estimação a segurar um castiçal de prata, portando uma vela acesa, durante o jantar diário.
Aquela atitude extremamente “educada” de seu felino era para ele motivo de orgulho e chegou a lhe render comentários acalorados nas suas rodas de amigos.
Certo dia, enquanto descrevia com detalhes a “atividade doméstica” do seu animal, ele foi desafiado por um amigo que duvidou que o animal agisse de tal maneira, ainda que ele tivesse sido bem orientado (domesticado) e disse:
– Só acredito vendo. Até chegar esse dia, continuarei achando que é um grande exagero de sua parte – insistiu.
Desafio aceitado e ali foi combinado o dia e hora da exibição do modo diferenciado do gato se portar e isso ocorreria num jantar na casa do desafiado no fim de semana vindouro.
Desde que esse mundo é mundo de homens e gatos, é sabido que os animais de estimação, na sua totalidade, agem por instinto e/ou por “conveniência animalesca”. A verdade é que tem de ter comida à disposição deles e muito carinho por parte de seus cuidadores e por causa disso alguns deles agem quase como se humanos fossem.
Finalmente, era chegado o dia do desfecho do desafio. Muita comida e bebida à mesa, uma pessoa estranha no local, mas nada disso impediu que o gato estivesse ali, sobre a mesa, serenamente, segurando o castiçal.
Aquele jantar transcorria normalmente, mas num dado momento, uma pequena caixa de papelão foi retirada do bolso do paletó do convidado e foi colocada aberta no chão de onde um ratinho pulou de dentro dela, fazendo com que o gato "diferente" desviasse toda a sua atenção e arremessasse o castiçal de prata longe do alcance do anfitrião e de seu convidado e corresse para apanhar o animalzinho intruso que acabava de aparecer ali.
O dono do gato de “hábitos polidos” foi, finalmente, desmascarado, isto porque ainda que bem domesticado, nenhum gato nasceu para segurar castiçal, tendo à sua frente um rato saltitante e arteiro.
Moral da história: Gatos, mesmo aqueles bem domesticados, não nasceram para segurar castiçais, pois eles adoram correr atrás de ratos; ora para comê-los, por uma questão instintiva de sobrevivência, ora para usá-los como peças de brinquedos, principalmente quando eles dispõem de muita comida a sua disposição no seu habitat.
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