Manoel de Juazeiro, poeta
De férias em passagem por Picos (PI), em 11.12.2007, "conheci" um poeta popular "desconhecido" que me disse apenas que era de Juazeiro do Norte (CE) e que é poeta. Tomamos umas tirando gosto com o famoso Feijão do Pelado (Só quem conhece Picos sabe do famoso feijão). No meio de bom bate papo o Manoel recitou os seguintes versos, sempre depois de dar as explicações: - Quando Patativa do Assaré era desconhecido foi à Canindé (CE) pagar uma promessa que fizera à São Francisco, santo milagreiro e padroeiro daquela cidade. Depois de longa e cansativa viagem andou pelos bares da cidade cantando seus versos para arranjar alguns trocados. Numa ocasião uns jovens começaram a caçoar do poeta e um deles disse: isso é PUETA tirando o É. Patativa disse: "Eu sou o poeta Patativa da cidade do Assaré vim pagar uma promessa na Matriz de Canindé sou das terras sertanejas tua mãe talvez quem seja PUETA tirando o É". - Algumas moças estavam na calçada da Igreja durante a Missa das nove horas quando um jumento em desabalada carreira, atrás da jumenta, parou e "cobriu" a jumenta bem próximo das jovens. Um poeta anônimo que assistia a cena, disse: "Arre lá jumento velho que moda feia essa tua tantas moças na calçada e você com esta espada nua tira a jumenta lá do mato e vem cobrir no meio da rua". - Um poeta violeiro chegou à cidade à procura de outro poeta para fazer uma cantoria. Alguém lhe disse sobre um, mas que era muito fraquinho. O poeta foi lá e fez o convite. O outro poeta aceitou com a condição de que não fosse "aperreado" com versos que o deixasse em situação embaraçosa. Na hora da cantoria o poeta experiente querendo fazer bonito botou "pra lascar" no aprendiz que quando se viu aperreado, disse: "você disse que não aperreava mas já está me aperreando eu dou-lhe um tapa tão grande que você cai no chão rodando com as orelhas lepe-lepe e o c* abrindo e fechando".
Já era noite quando anunciei minha saída e o Poeta protestou: Vá não, poeta, a noite é uma criança... Respondi:
Gosto muito da noite
E dela não tenho medo
Se a noite é uma criança
E a Lua é um brinquedo
Não sou eu que durmo tarde
É o Sol que acorda cedo.
Tarciso Coelho, 15.12.2007
O Diário da Pandemia
Que inventei de escrever
Jamais teve a intenção
Que não só o meu querer
Do dia a dia registrar
Pra no futuro lembrar
O que estamos a viver
Mas é preciso dizer
Aqui não vou divulgar
Notícias de tristeza
Já que quero me alegrar
E se esse meu escrever
Nem pouco alegrar você
Mal também não lhe fará.
Caros Amigos,
A partir de 22.03.2020, passei a publicar versos meus em outras situações, retornando ao assunto em pauta apenas eventualmente.
Abraços todos.
Tarciso Coelho, Crato (CE), 26.03.2020.
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