Diário da Pandemia
“O tempo que se leva pra fazer qualquer coisa e sempre igual ao tempo que se leva pra não fazer nada”. Falcão.
O tempo é uma abstração, não tem nada de concreto. Se tivesse e fosse possível ser agarrado o agarraríamos naqueles momentos de beleza ímpar e que quiséssemos eternizá-los. As medidas de tempo são convenções da criação humana, talvez à partir do dia e da noite, em princípio.
Embora o tempo não exista, nunca gostei de matar o tempo em passatempo, por isso venho escrevendo este Diário neste tempo que tanto tempo tem me sobrado.
Conta e Tempo
Deus pede estrita conta de meu tempo. E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta. Mas, como dar, sem tempo, tanta conta Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo? Para dar minha conta feita a tempo, O tempo me foi dado, e não fiz conta, Não quis, sobrando tempo, fazer conta, Hoje, quero acertar conta, e não há tempo. Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta, Não gasteis vosso tempo em passatempo. Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta! Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo, Quando o tempo chegar, de prestar conta Chorarão, como eu, o não ter tempo... Frei António das Chagas, in 'Antologia Poética'
Portugal 25 Jun 1631 // 20 Out 1682 Franciscano/Poeta
Diário da Pandemia
O Diário da Pandemia
Que inventei de escrever
Jamais teve a intenção
Que não só o meu querer
De o dia a dia registrar
Pra no futuro lembrar
O que estamos a viver
Mas é preciso dizer
Aqui não vou divulgar
Notícias de tristeza
Já que quero me alegrar
E se esse meu escrever
Nem pouco alegrar você
Mal também não lhe fará.
Caros Amigos,
A partir de 22.03.2020, passei a publicar versos meus em outras situações, retornando ao assunto em pauta apenas eventualmente.
Abraços a todos.
Tarciso Coelho, Crato (CE), 11.04.2020.
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