SEMI PODEROSO(S) - PARTE I
Era uma vez uma fazenda localizada em um ponto extremo deste planeta que era especializada na criação de gado leiteiro e na produção e respectiva venda de seus derivados, a qual era administrada por três homens responsáveis que, apesar de não serem os verdadeiros proprietários, agiam como se assim os fossem.
Quando de suas respectivas contratações não lhes foram atribuídos poderes ilimitados, a fim de que eles os utilizassem no futuro quando da necessária tomada de decisões, mas eles eram detentores de ideias bem claras e de objetivos distintos, sobretudo harmônicos, o suficiente para exercerem o comando geral dessa propriedade com eficácia e integridade administrativa.
Faz-se oportuno aqui esclarecer que há já algum tempo esses mesmos homens tinham trabalhado como capatazes do atual proprietário dessa fazenda, tendo iniciado seus trabalhos, justamente, a partir do seu início, ou seja, da época em que ela era apenas uma pequena propriedade rural sem grande projeção agropecuária no cenário produtivo universal.
Por meio da orientação de pessoas idôneas e influentes no ramo do agronegócio, foi que esse proprietário rural decidiu contratá-los para as funções de administrador sênior, respectivamente, já contando, evidentemente, com a experiencia gerencial de cada um, uma vez que a segurança patrimonial dessa propriedade, ainda que de forma indireta, já esteve sob o comando deles.
Por uma questão de confidencialidade e receio pessoal de não ser legalmente permitido tornar público os seus verdadeiros nomes, aqui eles serão tratados pelos codinomes de administrador SP1, administrador SP2 e administrador SP3, e essa propriedade imaginária será tratada como sendo a fazenda Pindorama I, ou simplesmente como fazenda primitiva.
Pelas mesmas razões acima explicitadas, inicialmente, não iremos detalhar o que constava do manual de atuação que cada um deles recebeu do seu patrão, nem o que eles realmente deveriam fazer e nem se eles já estariam conseguindo seguir à risca o que lhes foi designado a cumprir.
Após a assunção da direção de cada um dos três antigos capatazes, agora na função de administradores sêniores dessa fazenda, eles prometeram que trabalhariam unidos durante todo o tempo, sempre um ajudando o outro sem qualquer objeção.
Ali, como se estivessem atuando em um trio (musical), cada um gerenciaria o seu setor, harmônica e indistintamente, sem dar asas para eventuais intrigas ou vaidades que são comuns entre seres que atuam em cargos de comando, visando ao bem-estar e à satisfação dos trabalhadores lotados em suas respectivas áreas produtivas.
Desde o momento da respectiva assunção de cada um deles como administradores seniores, por uma questão de precaução administrativa, o proprietário dessa fazenda os orientou para que eles firmassem um pacto por escrito e que esse ato fosse, em seguida, registrado em cartório.
Outrossim, lhes foi recomendado a contratação de um seguro de vida individual, respectivamente, sendo que ambas as medidas tinham apenas e tão somente o objetivo de proteger cada um deles, preventivamente, no presente e no futuro.
Após a realização desse pacto, finalmente, foi revelado o que constava do manual que cada administrador recebeu e o que ficou convencionado entre eles, com o aval do proprietário da fazenda, evidentemente. Ali, ficou convencionado que os altos e baixos administrativos, se viessem a existir, em nada abalaria o objetivo da essência maior dos negócios da fazenda que seria cuidar do escoamento da produção leiteira como um todo e da felicidade geral de sua clientela no âmbito interno e externo, respectivamente.
Destarte, em nenhum momento eles deveriam se descuidar da organização da equipe de trabalhadores em geral, da venda de produtos e de derivados, da administração equânime dos insumos e do controle do aumento das riquezas concentradas, visando à eliminação de perdas e a diminuição gradativa dos problemas sociais secundários, geradores da infelicidade e de eventuais mazelas das pessoas que viviam dentro e no entorno da fazenda.
Previa-se, também, com a elaboração desse pacto, resguardá-los, evitando que cada um pudesse agir de per si, no desempenho diário dos seus trabalhos, pois se em algum momento no decurso de suas gestões, fossem elas conjuntas ou em separado, viessem a ocorrer discordâncias ou pequenas rusgas entre si, em razão das eventuais peculiaridades ou das dificuldades dos trabalhos atinentes a cada um, todos estariam respaldados legalmente e deveriam juntos, dirimir tais discrepâncias administrativas.
É evidente que no dia a dia de cada um deles, por mais harmônicos, organizados e prestativos que eles tivessem deixado a transparecer aos olhos de outrem, sobretudo no tocante às missões específicas e genéricas, envolvendo suas atividades, reciprocamente, tais atitudes comportamentais nem sempre transcorreram em céu de brigadeiro.
Com o passar do tempo já era considerado como fato corriqueiro ser ouvido algum comentário tendencioso entre as pessoas que os assessoravam no dia a dia, sob a suspeita de que um dos integrantes que fazia parte do grupo de administradores demonstrava querer, ainda que fosse de forma velada, ser mais importante e mais poderoso que os demais e, paulatinamente, estaria minando aquela grande harmonia que sempre existiu entre eles.
Será que esse administrador diferenciado obteve êxito nas suas investidas, quando de sua atuação na fazenda Pindorama I, contrariando, assim, o que fora pactuado entre os demais administradores, onde todos puderam contar, naquele momento decisivo, com a efetiva anuência do seu patrão?
P.S. Por se tratar de uma história de ficção ainda inacabada, fica a promessa de, em breve, no próximo e último capítulo intitulado SEMI PODEROSOS(S) PARTE II, retornarmos com a sequência do teor descritivo dela e, por fim, será revelado seu respectivo final, seguido da consequente moral da história.
Aguardaremos, pois, até lá...
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