20 - SABATINA À BASE DE PALMATÓRIA
Nos moldes de ensino escolar que vigorava no tempo em que Billy Lupércio Daniel era um estudante do ensino primário, em pelo menos uma vez por semana, ao final de cada aula por eles ministrada, os professores sentiam a necessidade de sabatinar seus alunos no afã de avaliar o nível de absorção do aprendizado de cada um deles.
Noutras ocasiões, esses mesmos professores passavam tarefas para casa e, na aula seguinte, eles reuniam seus alunos em determinado espaço específico da sua de aula, geralmente numa fila em forma de um círculo e ali faziam perguntas que versavam sobre aquele assunto estudado naquele dia.
Naqueles momentos de arguições orais era muito comum o emprego da palmatória, que é uma peça circular de madeira, provida de um cabo, semelhante a uma colher de pau, com a qual eles “acertavam as arestas” dos alunos com baixo desempenho, batendo com essa pequena peça de madeira na palma da mão de cada um deles. Ali, o aluno que errasse a resposta da pergunta que lhe era feita, receberia como forma de punição um leve golpe de palmatória na palma de sua mão.
A apalmatoada, que é o nome dado para o golpe de palmatória, poderia ser aplicada pelo professor ou por entre os próprios alunos. Aquela situação era um pouco constrangedora e não servia como incentivo para que o aluno se esforçasse em sala de aula. Às vezes, aquela maneira brutal de “arrancar” o conhecimento da mente dos alunos, usando para tanto aquele tipo de punição, os deixava mais inibidos, mas, para a felicidade geral dos alunos como um todo, o uso da palmatória nas salas de aula foi abolido há já algum tempo em todo o território nacional brasileiro.
Havia, em ocasiões especiais, como forma de punir os alunos indisciplinados, alguns professores que também faziam uso da palmatória, e por entender que se tratava de uma atitude truculenta e cruel daquela época para com a formação e educação do ser humano, principalmente das crianças, Billy imagina que inexistisse alguma razão legal e/ou didático-pedagógica que os orientasse a proceder daquela maneira, naquele momento do ensino nacional.
Ainda na segunda metade do século XX, a sabatina era uma prática constante nas salas de aula e muito utilizada por professores de algumas escolas de regiões interioranas, nas aulas de matemática, sobretudo quando da necessidade deles em obter o domínio absoluto das quatro operações por parte dos alunos.
As aulas dessa disciplina eram ministradas praticamente em dias alternados e, ao final de cada uma delas, os alunos faziam uma fila circular, bem perto da carteira onde o professor permanecia sentado ou de pé, administrando suas aulas e ali, todos ficavam tensos, à espera do que estaria por acontecer.
Eram momentos reais de muita apreensão e, porque não dizer, de muito medo também, uma vez que, em seguida, todos alunos seriam submetidos à sabatina, coordenada de forma enérgica pelo professor daquela sala de aula. Segundo entendimento da maioria dos membros da classe de docentes, tal atitude visava à aferição do grau de conhecimento do conteúdo que cada aluno teria assimilado ou não, no tocante ao tópico de sua disciplinada ministrado naquela aula.
Mesmo que Billy ainda guarde alguma lembrança de outros momentos vividos em sala de aula e que também sinta saudade dos seus tempos de criança, certamente não guardará boas recordações desses poucos episódios vivenciados por ele nessa escola onde estudou, mas por eles terem feito parte de sua infância, ora sofrida ora insofrida, ele não poderá ignorá-los, muito menos esquecê-los.
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