MAÍSA
Os oito anos incompletos de Maísa não denunciavam sua verdadeira personalidade. Aquela criança não era como as outras, tinha um comportamento diferente, incompatível com sua idade.
Seus pais não notavam qualquer peculiaridade porque Maísa era uma criança como as outras quando estava com crianças e especialmente quando estava com os pais e familiares. Maísa só era outra quando se relacionava com outros adultos, especialmente homens.
Havia algo em seu olhar que se modificava quando interagia com homens – em geral, amigos de seus pais. Nada nela chamava a atenção dos homens, não havia qualquer apelo sensual, nada disso. O misterio com Maisa se manifestava no seu olhar, na sua forma de falar, naquilo que falava ou que omitia. Nenhum desses interlocutores mencionava o efeito que isso lhes causava; prezavam a amizade dos pais e preferiam pensar que tudo não passava de impressão ou imaginação. Aqueles que acreditavam em espíritos reencarnados, logo imaginavam que aquele corpo de criança era morada de uma mulher experiente e sedutora.
Em conversas absolutamente triviais, Maísa parecia refletir sobre assuntos que não deveriam estar ao seu alcance; seu olhar parecia denunciar que ela conhecia os segredos mais comprometedores de seu interlocutor; seus lábios em forma de sorriso cínico pareciam evitar o pronunciamento de algo proibido.
Para esses homens, Maísa era um mistério e um perigo a ser evitado.
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