E naquela ensolarada tarde de um domingo, início dos anos sessenta, papai levou-nos ao campo do Pitangui Esporte Clube para vermos o jogo de congraçamento, e provavelmente beneficiente, entre Gordos e Magros.
Um espétaculo inesquecível. Se mais edições dele houve, ou teria havido, nunca soube, quiçá por não haver inquirido gente de memória futebolística excepcional como um Verinho, um Marcos Faria, um Sabará, que se não me engano, de pia, é José Maria...
O prélio havia sido anunciado com certo estardalhaço por meio de impressos, alto-falantes e, naturalmente, a boca do povo. O palco da contenda, hoje Estádio Homero Silva, gramado e iluminado, era ainda o primitivo, empoeirado - ou alternativamente enlameado - campo do até então recentemente denominado Oito de Maio...
E concorrida formou-se a torcida, reunindo amantes do esporte bretão e familiares de montão. Mas como me lembrar agora da escalação, a não ser por alguns aspectos mais pitorescos, como per exemplo o anúncio do homem de 22 quilos, Plínio Malaquilos...ou então da correria louca do ponta-esquerda do time dos gordos, Jésus Lemos, que acabou por uma queda sua rampa abaixo na ala oposta à arquibancada...para o delírio da turba apaixonada...e para a felicidade geral, só com alguma excoriação superficial depois do susto colossal...
E os gordos ganharam bem, com dois a zero nos raquíticos, cuja leveza, em tarde memorável, foi deveras insustentável...
|