Céleres deslizavam pelo salão. Colados um ao outro pareciam um só corpo. Ela como sempre obedecendo. Nunca se afastando demais.
Somente seus cabelos esvoaçantes davam um ar de ir embora. Segurava-a pela cintura fina, delicada. Tangos, boleros, ela nunca se cansava nem nunca lhe negava a dança. Divina dança.
Assim faziam todas as noites, ou quando ele resolvesse. Ela sempre calada. Senhor e escrava é o que eram.
Naquela noite dançaram, dançaram até quando o cansaço o venceu, cansaço que nunca a venceria. Quão maravilhosa era, certificava-se ele.
Por fim, extenuado, propôs continuarem no dia seguinte.
Sem esperar resposta ele parou a dança, desamarrou-lhe os pés que aos seus a prendiam, dobrou-a com carinho e guardou-a na caixa.