A rebimboca (peça, geralmente de automóvel, com nome estranho e derivado de algum dialeto russo) da Internet é coisa de deixar maluco qualquer um com mais de quarenta primaveras nos galhos.
Se o sujeito não tiver um pimpolho com idade entre 12 e 15 anos tá ferrado (ferrado = estar num mato sem cachorro). Vai gastar uns bons trocados no analista.
- Filhão! Que treco é esse de operação ilegal? A tela ficou azul-marinho e tem um OK aqui que eu tô com medo de apertar. O que eu faço? Help! Aiuto!
- Calma, pai. Você fez alguma coisa ilegal e...
- Como ilegal! Eu paguei essa geringonça (aparelho não identificado) em 15 prestações, e não atrasei nenhuma. Vou ligar pro PROCON (coisa que criaram pra gente pensar que tem direitos)!! Onde já se viu duvidar do meu poder de compra (poder inventado pelos mascates para aferir o volume da carteira)!
- Pai, deixa quieto. Dá um boot no computador e tudo bem.
- Boot? Dar um boot? Bem que eu queria, mas se eu chutar essa lata velha não vai sobrar parafuso nem pra fazer robozinho!
- Deixa que eu dou, pai!
- Dá o cacete! Filho meu não dá nunca! Nesta família, macho que se preza come tachinha na sopa e diz que tá faltando pimenta do reino no tempero!
- Pai, é só um boot no computador. Aperta o botão do "reset". (boot = apertar o botão do "reset"; reset = um tipo de interruptor redondo que tem na frente do motor do computador).
- Pai, não é motor, é CPU.
- CPU? PQP, isso é palavrão em inglês! Aonde nós vamos parar!!! (CPU = é o velho cérebro eletrônico, lembram-se?)
- Ah, agora funcionou. Apareceu o logotipo do Bill Gates na tela.
Cinco minutos esperando o motor do computador parar de roncar e...
- Filhão! Como é que eu entro na Internet?
- Clica no ícone (não, não se trata de uma grande personalidade mundial. É um desenhinho idiota que fica na tela) do provedor, pai!
- E eu sou lá homem de ficar clicando em ícone de marmanjo? Eu te disse que computador é coisa de viado!
- Pai, clica aqui, ó!
- Puxa, tá fazendo uns barulhos no telefone!
- Não é barulho, pai. O computador tá discando pro provedor. (provedor = é uma invenção moderna, que não enche a despensa de comida, nem paga as contas. Você é que tem de pagar pra eles. Não faço a mínima idéia do que eles fazem. Acho que é coisa da Máfia. Melhor pagar e não perguntar nada).
- Discando? O computador? Ahahah! E cadê os dedos dele? Conta outra, que o teu pai é macaco velho! Você discou lá do quarto e tá querendo pregar uma peça no Degas aqui. Respeito, moleque!
- Pai, já tá conectado. Vai fundo!
- O que eu faço? Como é que eu vou fundo?
- Navega, pai!
- Filhão, eu comprei um cérebro eletrônico, não um barco! Pára de ficar tirando uma comigo. Eu quero ver o que tem nessa merda de Internet que todo mundo fala!
- Faz assim pai: digita um endereço que o computador entra sozinho.
- Só isso? Por que não falou antes!
Dois minutos depois...
- Filhão! Aqui disse que não acha o endereço!
- Vê se digitou certo, pai!
- Digitei! Botei até o CEP da casa da vovó, e nada, diz que não acha! Esse computador tá baleado.
- Pai, a vó não tem computador!
- É mesmo. Eh, eh, desculpa, filho. Vou botar o endereço do Alfredo. Ele comprou um computador pro filho dele e...
- Pai, esquece! O que você quer fazer na Internet?
- Tudo! Quero saber tudo. Eu sempre averigüei os lugares que vocês iam. Não vai ser agora que eu vou deixar vocês andarem por aí.
- Tá bom. Quer ver algum site em especial? (site = sítio. Não, não é o aprazível lugar que a gente lia nos livros do Sítio do pica-pau amarelo, é alguma coisa que eu ainda não entendi.)
- Filhão, vem aqui perto do pai. Eu quero saber desse negócio de ver mulher pelada no computador. Mas não conta nada pra tua mãe!
- Deixa comigo, pai. Tem alguma preferência? Sado, hétero, homo, asiáticas, negras, lolitas, ninfetas?
- Vilmaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!
- Pai, pai, pai!!!!! Mãe, o pai tá passando mal!