Conheceram-se num ponto de ônibus. Atraentes um aos olhos do outro, iniciaram um bate-papo descompremetedor, desses que geralmente se conversa em pontos do ônibus. Ele, rapaz inteligente, universitário, futuro promissor, desses que se encontra em qualquer esquina de uma cidade grande, puxou conversa com ela,moça bonita, balconista de lojinha, sem muita cultura (quem precisa de cultura se já tem beleza?). Conversaram durante um tempo. Trocaram telefones. Ele foi para casa pensando nela. Talvez... quem sabe? Era tímido. Ainda se perguntava onde havia arranjado coragem para puxar conversa. Tinha esperança de que acontecesse um namoro. Já pensava até em futuro casamento. Como era bobo. Ela tembém pensava nele. Quem sabe, talvez ele fosse filhinho de papai. Parecia ser bom partido. Se ele quisesse, ela aceitava. Ia ser bom acabar com a vida de lojinha e com as divídas de roupas.
Sexta-feira à noite. Ele pensando em ligar, Ela rezando para que Ele ligasse. Ele bem que queria, mas estava receoso. E se ela não aceitasse? Ela não poderia ligar, iria parecer muito oferecida. Assim Ele não lhe daria valor. Ela tinha que dar uma de difícil. Ainda mais com tanta mulher dando mole por aí. Ele não iria querer algo sério com uma qualquer oferecida. Ele ligou. Conversaram:
--- Oi, tá lembrada de mim? É o ***. Te conheci no ponto de ônibus hoje cedo...
--- Claro que tô. Como poderia esquecer...(Ela: “Acho que falei besteira”)
--- Eu tava pensando se talvez você quisesse...
--- Sair? Claro. Tava pensando nisso agora mesmo. ( Ela: “Ai meu Deus, acho que aceitei rápido demais, nem esperei Ele pedir”)
--- Tudo bem então. Te pego às nove. Tá bom?
--- Por mim tá ótimo. Só que olha, sem compromisso tá. Eu não sou do tipo que fica logo de cara.
--- Claro. Eu nem tinha pensado nisso. (Ele: “Já levei um fora. Se já não tivesse chamado, eu nem chamaria”).
Ele arrependeu-se por ter ligado. Pensava que ela não fosse querer alguma coisa com ele. Era bonita demais. Ela pensou que tavez tivesse sido oferecida demais. Havia aceitado o convite logo na primeira vez. Ele pegou o carro do pai e foi até a casa dela. Bem vestido, muito dinheiro no bolso sempre muito gentil, um típico cavalheiro. A família havia gostado dele (tinha dinheiro, poderia tirá-los do aperto). Ela estava belíssima. Por si só já era uma beldade. Com todo o cuidado que tivera em sua produção estava ainda mais estonteante. E dava pulos de alegria por dentro. Via-se claramente que ele tinha posses e se não as tinha, com certeza as herdaria. E isso era bom. Ela teria muito o que gastar. Não mais precisaria preocupar-se com trabalho. Poderia sair e gastar com as amigas. Já até pensava em novas amigas pois as que tinha não combinariam com seu novo padrão de vida. Eram pobres demais.
Foram a um dos restaurantes mais caros da região. Ele queria agrdá-la de qualquer forma. Deu a ela a liberdade para pedir o que quisesse para o jantar. Precisava fazer com que ela gostasse dele. O pai já o pertubava com sermões do tipo “você precisa casar logo”, “já está passando da hora de eu ver os meus netinhos”. Ele só herdaria as posses depois de casado, o pai lhe dissera. Não deixaria suas riquezas a um malandro solteirão. Ela já havia escolhido (não era boba, pediu o que havia de mais caro apesar de nem sequer saber o que havia pedido). Jantaram, com um conversinha gostosa, cheia de insinuações, a maioria vindas dela. Não poderia jamais perder aquela oportunidade. Só aconteceria uma vez na vida. Tinha que agarrá-la(-lo) de qualquer jeito. Já não se preocupava em parecer oferecida, ainda mais que poderia usar o vinho como desculpa a qualquer hora. Ele estava um pouco encabulado. Nunca tinha se sentido tão desejado. Tentava compensar as insinuações dela com algumas de sua parte. Não tinha o menor jeito para a coisa, ela pensava. As cantadas dele eram desastrosas. Era um bobão. Não tinha o menor jeito com mulheres. Sem um pingo sequer de malícia. Contudo, ela não poderia se deixar levar por isso. O que importava era a vida que ela levaria ao lado dele.
Nenhum acontecimento extra durante o jantar. Nem sequer um beijinho. Ela já estava preocupada. Se não agarra-se logo aquela oportunidade com certeza logo outra a agarraria. Pediu-lhe que a levasse para um lugar calmo, um lugar onde pudessem ficar a sós para que se conhecessem melhor. Fez a vontade dela. Conversaram durante alguns minutos, até quando ela decidiu que não poderia esperar mais e o beijou. Aproveitou-se da primeira que teve. Beijaram-se. Beijaram-se. Já era um começo, pensava ela. Dali ele tomou a sua primeira granda iniciativa: pediu-lhe em namoro. Ela prontamente aceitou dizendo que jamais havia conhecido alguém como ele, que estava completamente apaixonada.
Namoraram durante um tempo. A famíla dela era só sorrisos. Ganhavam presentes caros a todo instante. Ela sentia-se uma princesa. Acabaram-se as dívidas. Comprava roupas cada vez mais caras. As amigas a invejavam. Arrumava novas amigas à medida em que ia se desfazendo das antigas. O pai dele também era só alegria. Teria belos netos com uma nora daquelas. Até invejava o filho em certos instantes pois nem ele em sua juventude havia namorado tão bela moça. E que amor de pessoa. Não parecia em momento algum estar interessada no dinheiro do filho. Via-se a paixão estampada no rosto dela. Ele irradiava alegria. Tinha uma namorada apaixonada, a família dela o adorava o pai estava satisfeito. Não via motivos para que não se casassem logo.
Casaram-se pouco mais de um anos depois. Foi o tempo necessário para os preparativos. A festa de casamento foi tudo com que ela sempre havia sonhado. Não economizou-se um centavo sequer. Ela não conhecia nem um décimo dos convidados. Grande parte de sua família ela não quis convidar. Não ficaria bem encher de pobres uma festa maravilhosa daquelas. Todos lindos, maravilhosos, ostentando a sua riqueza. O pai dele explodia de orgulho. Tudo foi maravilhoso. E ela agora sentia-se uma nova mulher, uma mulher realizada. A lua de mel passaram na Europa. Um mês de viagem pelos mais belos centros turísticos europeus.
Terminada a faculdade, ele passou a administar os negócios do pai, que já andava muito doente. Veio a falecer poucos meses depois. Pelo menos teve a alegria de ver o filho casado e conhecer o primeiro netinho que tanto desejava. Ele sentia-se realizado. Tinha uma esposa maravilhosa, um filho lindo, não tinha problemas financeiros. Ela sentia-se uma rainha. Apesar de não amar o marido tinha aprendido a conviver com ele. Era o preço que pagava para poder usufruir da vida levava. Aprendera com suas novas amigas a ter quantos amantes quisesse. O marido estaria sempre ocupado demais com o trabalho. E ela os tinha. Trocava de amante mais rápido do que de guarda-roupa. Divertia-se com eles. Usava-os para seus deleites pessoais. E assim viveram, felizes para sempre.