Cinamomo em flor e fruto.
Cinamomo duro na queda
Félix Maier
Havia um cinamomo, também conhecido como árvore santa, plantado no quintal de uma casa antiga em um bairro residencial. Os moradores daquela casa sempre acreditaram na crendice popular de que essa árvore tinha uma simpatia para curar a alergia asmática. Para isso, bastava fincar um prego em sua casca, equivalente à altura da cabeça do doente. Eles contavam a história de um parente que sofria com essa doença e foi curado após cravar um prego no cinamomo. Quando a árvore morresse ou secasse, a doença desapareceria.
Assim, quando o dono da casa antiga passou a sofrer de alergia asmática, não teve dúvidas e tratou de logo fincar um prego no cinamomo, à altura de sua cabeça.
Anos se passaram e a árvore santa continuou a crescer, sempre verde e florescendo a cada primavera, com flores lilás-róseas perfumadas, que se transformavam em frutos ovoides marrom-amarelados, do tipo drupa. Depois de vários anos, o prego já se havia perdido no interior do tronco. Namorados se deitavam na grama sob sua sombra, se beijavam, se amavam e brincavam de atirar bolinhas do cinamomo um no outro. A árvore se tornou parte da vida daquela casa e de seus moradores.
Mas o tempo passa, e as coisas mudam. A pessoa que sofria de asma e fincou o prego no cinamomo ficou velha e morreu, e nunca conseguiu se curar da doença. Mesmo assim, a árvore continuou a crescer, resistente e forte. As pessoas ainda acreditavam na crendice popular, mas o cinamomo nunca morria.
Até que um dia, um raio atingiu a árvore, secando-a completamente. Os moradores da casa ficaram tristes, pois perderam uma árvore tão especial. Eles decidiram cortar o tronco com motosserra, mas a corrente de metal do sabre da máquina quebrou quando encontrou o velho prego. O cinamomo, que resistiu a tantas intempéries, finalmente se vingou do prego que o havia torturado por toda a vida.
As pessoas da casa ficaram surpresas e começaram a rir. Aquele cinamomo sempre foi uma árvore muito especial, e agora, mesmo morto, ele ainda tinha uma última lição a ensinar.
A árvore santa mostrou que, mesmo que as coisas pareçam difíceis e impossíveis, é possível resistir e vencer. E que, às vezes, é preciso uma pequena revanche para se sentir melhor.
A história do cinamomo continuaria a ser contada por muitas gerações, lembrando-nos da importância de acreditar em nós mesmos e dar mais valor à ciência do que a crendices, e nos defendermos com inteligência daqueles que nos fazem mal.
Moral da estória: você pode ter muita simpatia por uma simpatia, mas a simpatia nem sempre tem muita simpatia por você.
Cinamomo em flor.
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