BAR BOCA DE FORNO
Renato Ferraz
Antônio Boca de Forno e José Nunes eram compadres.
Eles faziam parte da população da pequena cidade
De Jandira, no Ceará.
Antônio possuía um bar e mercearia, no centro da cidade.
A sua família era muito pequena, tinha somente uma filha adolescente, com 19 anos.
Sua esposa era D. Ziralda, que fazia doces, bolos e outros salgadinhos e doces para eventos.
A distância entre a casa da família e o bar bodega era de 7km, aproximadamente.
Zé Nunes era aposentado e quase todos os dias passava no bar do compadre para conversarem um pouco.
Sempre era uma prosa saudável que os deixava satisfeitos, um com a presença do outro.
Zulêka todos os dias ia levar a marmita com a refeição do pai. Ela era uma moça muito bonita.
Diziam que era a mulher mais bonita da cidade. Seu corpo não tinha como não chamar a atenção,
ela era uma mulher completa, no dizer dos seus fãs.
Outro dia dois clientes tiveram um bate-boca discutindo sobre as pernas de Zulêka!
Próximo da hora do almoço era a hora que o bar estava mais cheio.
Aquele burburinho de bar, uns falando alto, outros sorrindo, etc.
Uns achavam que o bar estava assim porque essa hora é sagrada
para os cachaceiros que estão ali para fazer jus ao mandamento número um de quem bebe:
tomar uma na hora do almoço.
Já outros mais ousados, teimavam que uma parte dos clientes que estava ali,
pela ordem era para admirarem o corpo de Zulêka. Quando ela ia se aproximando,
cumpria-se um ritual. A começar pelo silêncio, depois todos os olhares apontavam para a mesma direção,
Zulêka era o alvo! Ainda tinha o BOM DIA, que ela dava para quebrar o silêncio.
A resposta era em uníssono, parecia ensaio de coral ou os pelotões militares em treinamento,
BOMMMM DIIIIIIIIIIIA!
O pai, Boca de forno, não gostava desse momento solene, mas teve que se acostumar.
Logo que isso começou a acontecer e foi virando uma tradição, ele ficava aborrecido
e chegou a discutir várias vezes com alguns clientes.
Também ficou almoçando a própria comida do bar, mas logo desistiu.
Só tempero de D. Ziralda o deixava feliz!
José Augusto, o filho de Zé Nunes era mais velho que Zulêka, apenas 3 anos.
Ele estudava à noite e trabalhava de dia.
Os compadres moravam há 2 quadras um do outro e Zé Augusto sempre que ia estudar
ou trabalhar passava em frente a casa de Zulêka. Às vezes ela estava fora de casa,
se cumprimentavam, riam ou trocavam algumas palavras rapidamente.
O rapaz passava na frente da casa da moça porque achava melhor,
mas não era o único caminho, embora ele preferisse passar por ali e na maioria das vezes via Zulêka.
Quando ela não estava, ele sentia sua falta. Depois perguntava rindo e dizia que sentiu sua falta...
Mas a moça ou não entendia aquelas insinuações, ou não correspondia, portanto, ignorava.
Mas nunca se sabe o que se passa na cabeça de uma mulher, ele vá e desista no meio do caminho sem saber e ouvir dela,
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