No jardim da minha casa, que na verdade nunca teve um, na minha lembrança persiste a alegria que possivelmente povoa os canteiros da vida dos que os possuíram. As vezes penso: que graça tem as flores sem nome ?. Que significado terão se seus aromas não nos induzirem a nossas verdades pessoais. As flores são representações de nossas vivências. Os cheiros são os caminhos da memória. Nada representam sem a estória de nosso viver. Um bouquet de rosas jogado na calçada., encharcado de cotidiano, é apenas uma intenção descartada. Que destino teriam se num vaso de cristal qualquer adornassem a amargura de uma vida sem amor? Um dia vazio, como os dias das pessoas que labutam na vida, que se acreditam produtivas, e o ramo de rosas, e samambaias caindo curiosas das samambaiaçus Nas encostas das montanhas , me lembro , mosquitinhos e manacás adornam passeios burgueses de domingos cansados e dorminhocos, dos segredos enfim libertos das quatro paredes. E assim caminham minhas lembranças , meu jardim, meus sonhos, bem-te-vis sugando vida e minha vida sendo sugada pelos seixos do caminho. Lá embaixo, água fria e cristalina me convida a olhar o céu refletido na sua pureza , meditar,continuar ou morrer extenuado de tamanha beleza inútil.