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Contos-->O Pupilo de Catarina - Parte 1 -- 28/08/2001 - 07:42 (Nilson Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como você sente sua falta agora. "Ah Eliza...!" Por que isso? Aquela mulher, Catarina, lhe empurra porta adentro. Você quase não tem tempo de ver como é esta construção por fora, apenas deu para ver que é uma casa antiga e amarelada. Desde que sua família morreu Eliza vem lhe criando, já faz quanto tempo? Dois anos? Três? Você se lembra das palavras na boca de sua mestra:

"Minha criança, é hora de você partir. Lhe ensinei o que podia, abri seus olhos para a realidade que nos cerca. Você dormia minha criança, agora você despertou! Amanhã cedo você partirá, não serei mais sua mestra... Já estou velha demais para isso, a morte chega para mim... Não. Enxugue essas lágrimas. A partir de amanhã, quero que você dedique todo respeito que tinha por mim para Catarina. Agora é ela quem vai tomar conta de você. Não, você não me verá mais. Vai morar num lugar bem mais bonito que este... Sim! Grande, com mais pessoas, uma grande biblioteca e algumas árvores, talvez até um carvalho como aquele lá do quintal, que você gosta tanto. Sim, agora vá dormir. Amanhã novas cores e caminhos se mostrarão pra você, minha criança!"

Mas alguma coisa lhe arranca dos seus pensamentos e lhe arremessa de volta à realidade. "Acorde garoto!". Você se percebe numa sala alta, aliás, alta demais, pra falar a verdade, a mais alta que você já viu. As paredes estão recobertas de estantes, centenas, não, milhares de livros olham pra você, esperando para serem desvendados... Em sua frente está ela, Catarina. Já faz uma semana que você foi arrancado de sua casa e só a viu duas vezes, contando com esta.

"Sei que não pude dar-lhe o tempo necessário, mas sou uma pessoa muitíssimo ocupada. Sou sua nova tutora e a partir de hoje começam seus estudos. Não estarei disponível toda parte do tempo, às vezes acontecem coisas que necessitam de mim. Mas o tempo que puder me dedicar a você, eu o farei. Este será o seu novo lar, aquela casa que você ficou durante a última semana era apenas temporária. No entanto, cuidado, este lugar é muito maior do que parece e muito mais estranho e perigoso do que poderia imaginar. NÃO SAIA EXPLORANDO-O, a menos que tenha alguém que o conheça bem junto com você. Aqui as coisas funcionam na base da disciplina, não te explicarei todas as regras, por enquanto apenas use o bom senso e as aprenderá com o tempo. Agora somente lhe digo: não toque no que você não conhece, não faça algo que poderia incomodar aos outros e não discuta com as pessoas mais antigas aqui. Tome este livro, comece-o a ler agora. Quando anoitecer nos falaremos. Agora tenho que ir."

Ela se levanta de sua cadeira e passa por você. Os passos dela são firmes, decididos. O barulho da porta se fechando chega aos seus ouvidos. Ela é realmente muito severa... Mas então você vê algo na janela. Não, você vê alguém. "Ei novato! Aqui! Abra a janela!" Você tem dúvidas se deveria fazer isso, mas ela disse "não discuta com as pessoas mais antigas aqui" não foi? Então você vai lá e a abre. Por ela entram duas pessoas, uma é um garoto, ele parece ter a sua idade, a outra é uma menina, mais jovem que você ao que parece.

"Oi! Eu sou Henrique, ela é Camila. Nós vimos quando você chegou! Você vai estudar aqui? Legal! Qual é o seu nome?" Você ainda está meio atordoado com que está acontecendo, mas responde a pergunta dele. "Massa! Olha, não fica com medo da Catarina, ela é um pouco braba às vezes, mas ela é legal. Se você seguir direitinho o que ela fala, ela fica boazinha. Vamos sair? Nós podemos lhe mostrar o lugar! Ah... Ela lhe mandou ler esse livro foi? Até a noite? Mas dá tempo, bora! A gente não demora não!" A garota enquanto fala lhe pega pelo braço e puxa em direção à janela. Você não deveria estar saindo, mas, diabos! Já faz muito tempo que você não se diverte um pouco!
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