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Contos-->O GRANDE BRINDE -- 17/10/2001 - 12:57 (Adrienne kátia Savazoni Morelato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos diziam que ele era estranho. Talvez esquisito meio doido, os fatos mostravam: não era normal como deveria. E deveria? Justo quando a razão de sua existência estava na suas próprias diferenças causadoras de espanto e riso da população. Imagine quando andava nas ruas! Todos logo lhe apontava o dedo: “ É ele, o maluco”. Reconheciam instantaneamente pelo jeito desgovernado de andar e pelas histórinhas absurdas que se dispunha a falar.
Dizia a todos que podia voar e os et dos mais longínquos planetas os visitava a noite em sua casa. Não sei se vocês acreditariam em tais asneiras, entretanto, sei como lhe dariam atenção só para comentar depois: ‘ Que idiota, é um louco’. Sei também qual se fosse normal, ninguém o notaria. É, meu amigo, ser estranho é poder ser artista!
Como qualquer esquizofrênico, ele tinha um ritual além de servir cafezinhos aos seres do espaço à meia noite em cima do telhado. Todos os dias, catava a sua bicicleta e rodava uns 15 km, até chegar naquele rio escondido na mata. Subia e descia morro, saindo da cidade ao encontro de um pouco de natureza restante ao redor. Os pássaros, principalmente as andorinhas o acompanhavam em bando, voavam. Junto de si, levava uma garrafa de rolha e um funil.
Ao chegar no lugarzinho qual só ele sabia na beira do rio, equilibrava o galão de vidro no chão, o funil cinza na boca e esperava o pôr do sol. Belamente, a estrela do Sistema solar caia no horizonte das águas fazendo-o babar e aplaudir o grandioso espetáculo qual se repetia pôr volta de cinco bilhões de anos. Nesse momento, ele abria os braços estendendo as mãos para receber um pouco daquela explosão de luz. Mãos de concha se interpunham e carregavam os feixes ao funil. Um grande ritual quando termina o desaguar do Sol no rio. A noite aparecia de repente e de mansinho. Nosso louco sorria criança.
Terminada a festa o maluco fechava a garrafa e voltava de boca aberta e de dentes brilhantes para casa. A sua face reluzente transformava-se em um verdadeiro guia lanterna. Dentro da garrafa o último raio de sol no dia. Ao voltar à cidade mostrava a todos o seu feito. Espanto e risadinhas gerais eram freqüentes “ é um idiota mesmo” murmuravam. E ele de bem com a vida e com a lua subindo no telhando, levantando o vidro às estrelas e cantando:
_ Venham meus amigos do espaço, venham beber dessa poção mágica celeste!
O dia novamente nascia atrás do seu telhado acordando –o para mais uma fantasia. E foi assim até quando o nosso personagem convidou os seus amigos para ir com ele colher a bebida celeste. Atrás da casa um grupo de pessoas não tão amigas riam sem pudor:
_ Vamos pregar uma peça nesse chapado!
_ Vamos!!!
A grande festa. Para nosso amigo chapado. A preparação do ritual deveria ser mais intensa. Todos os passos deveriam sair perfeitos. Pronto às miudezas, ele partiu sem olhar para trás ao seu destino. O rio e o Sol. A garrafa e os raios. Sem olhar para trás.
De supetão se espanta “ Será que são eles? “ Pensou nosso amigo ao se deparar com aquela imagem. “São eles” ! “ São eles” ! Os seus olhos ascenderam intensamente. Agora teria certeza de que iria com os ets ao Universo. Viajaria pôr todo espaço, flutuando, nadando no vácuo, saboreando o vazio de não Ter um chão. E quando visitasse um planeta seria tratado como normal pelo seres imagináveis. Do outro lado da margem a imagem. Uma grande cabeça de boca aberta nariz enorme e olhos inchados, pintados de vermelho. Sombras brancas, cinzas e marrons vestiam a cabeça e transparecia o espanto e o vermelho.
_ Olá , nós seres das galáxias longínquas viemos ao seu chamado!
_ Sim, sim, aqui está o guardião da bebida, levantando a garrafa, venham aqui deste lado colher o do dia1 clamou o maluco.
_ Não, grande amigo da Terra, venha cá você, venha para que, ao invés de colhermos os raios, segurarmos o próprio Sol!
_ Grande idéia!
Nesse instante, como se estivesse chapado mesmo, o esquisito tirou os sapatos e prometeu voar sem medo como o super homem sobre o rio. O rio sem medo. O sol no rio. Amigos do espaço. Espaço viu. Águas, luzes, caiu...
Do alto uma imagem inusitada: os seres do espaço se transformando em moleque fujões e apenas uma garrafa levantada em borbulhas pôr uma última força ao Sol.



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