- Aquela gatinha que eu tô afinzão há muito. A Paulinha.
- Ah, tô vendo. Não é aquela menina de cachinhos, olhos verdes e sorriso metálico?
- A própria.
- Nossa, deve ter uns 18 no máximo.
-17.
- Putz, 5 anos mais nova. Cê vai ser preso.
- Ah, mas vale a pena.
- Sei não.
- Ah, é? Por que não, Sr sabe tudo?
- Cá pra nós, por acaso você quer algo além de sexo.
- Não. Algum problema de querer traçá-la?
- Muitos. Você já parou pra pensar em sexo, no ato em si.
- E precisa?
- Lógico que precisa. É nojento.
- Heim!?
- Esse negócio de meter a boca ali e acolá é anti-higiênico. Quantos caras já meteram a boca no ali e no acolá dela bem antes de você? Pior, quantos meteram outra coisa?
- Você acha?
- E como. Ainda tem toda aquela coisa de suor, grudando sua pele na dela. Um visgo que poderia muito bem ter saído de um filme vencedor do Oscar de melhores efeitos especiais. Parece que você está no meio da ladeira da Sé em pleno carnaval. Só que esse carnaval é apenas com uma pessoa. Coisa sem graça.
- Ainda não tinha parado pra pensar nisso...
- Pois é. E ainda tem maluco que curte repassar, capítulo a capítulo, as didáticas lições do Kama Sutra. É um tal das pernas da mulher envolvendo o pescoço do cara, ou, dos caras se for o caso. Por tocar no assunto, será que a Paulinha num já andou aprontando uma dessas? É, apesar da carinha de santa ela tem jeito de quem já fez das suas.
- Puxa, que pilantra.
- Ah, quer mais uma? Olha pro prato dela. Tá vendo, é creme de atum defumado. Já pensou você dando um daqueles chupões e um fiapo dessa gororoba estar grudado no aparelho dela, já fermentando?
- Argh.
- No fundo no fundo meu amigo, não existe nada mais broxante que o sexo.
- Sabe de uma, finalmente você está falando algo coerente em anos.
- Desculpa eu ter dito isso, mas foi pro seu bem. Faça algo mais instigante. Por que você não vai bater uma bolinha com o pessoal do Carlos?
- Eles vão jogar hoje?
- Daqui a meia hora.
- Ah, vamos pintar na casa dele.
- Vai você só. Minha perna ainda tá dolorida da semana passada.
- Então tá bem. Fecha a conta que depois a gente acerta.
- Tranqüilo. Ah, mais uma. Marca um gol por mim.
- Pode deixar, amigão. Um abraço.
- Falou. (...) Ei, psiu, garçom. Entrega por favor esse torpedo pr’aquela menina de cachinhos na mesa da ponta. É, a gostosinha de aparelho nos dentes e camisa colada. Vai lá que a noite promete.