CONHECI SUA SOLIDÃO DENTRO DE UM APARTAMENTO, EM UM ANDAR QUALQUER DE UM EDIFÍCIO COMUM. A MÚSICA E QUADROS BARROCOS FAZIAM-LHE COMPANHIA, O SOM TRANSPORTAVA PARA O SÉCULO PASSADO E ELA SORRIA AO DESPIR SEU CORPO GORDO. MERGULHAVA SOBRE A CAMA E DEIXAVA TRANSPARECER MUITA TRISTEZA NO SEU OLHAR INFINITO.
A MIM ELA PARECIA SORRIR, LEVANTAVA OS BRAÇOS NUN LONGO ESPREGUIÇAR E GRITAVA ALTO:
-"QUE BOM QUE VOCÊ ESTA AQUI!... "
SORRÍAMOS OLHANDO UM PARA O OUTRO; ASSIM DESPIDOS BBRINCAVAMOS DE REI E PRINCESA: EU ERA EU E ELA ERA ELA. ACENDÍAMOS AS LUZES DO APARTAMENTO E BRINCÁVAMOS ATÉ O DESESPERO DO AMANHCER.
AFASTÁVAMOS TRISTES, SABÍAMOS QUE NÃO PODERÍAMOS DIVIDIR A NOSSA SOLIDÃO COM MAIS NINGUÉM.
à NOITE ELA ME CONTAVA AS COISA DA VIDA, RECORDAVA A SUA VIDA NO EXTERIOR E COMPARAVA SUAS EXPERIÊNCIAS DO DIA COM AS EXPERIÊNCIAS DOS FILÓSOFOS QUE ELA HAVIA CITADO DURANTE A AULA DA MANHÃ. SAÍAMOS PARA A VARNADA COMO SE OS NOSSOS CORPOS FLUTUASSEM. "- UM DIA, AINDA VAMOS VOAR"", DIZIA, QUANDO SE LENVANTAVA DA CAMA PARA PREPARAR O CAFÉ.
FOI ASSIM, ATÉ QUE A VIERAM BUSCAR. QUANDO CHEGUEI AO APARTAMENTO ENCONTREI OS NOSSOS SONHOS ESPARRAMADOS: ROUPAS PELO CHÃO, CORPOS DECAPITADOS PELA VIOLÊNCIA. ERA COMO SE NA NOITE ANTERIOR, TIVÉSSIMOS ROMPIDO A BARREIRA DO ESPAÇO E DEIXADO ENTRAR O VÁCUO DOS SONHOS CHEIOS DE LIBERDADES E EM QUINTA DIMENSÃO.
HOJE, QUANDO VEJO FLUIR O AR DAS MONTANHAS, SEI QUE AONDE ELA ESTIVER, EM QUALQUER CELA OU CALABOUÇO, NA HORA DOS SEUS SONHOS, ELA FLUTUA.