A quem ofendo pensar que a morte é uma criança impaciente a quem sempre recorro quando me afloram os prazeres mais egoístas?
Por que deveria ceder à vida que, me tomando de empréstimo, resolveu deixar-me intranquila
Aguardando sempre do outro lado da linha?
Sei que almas naturalmente se desapegam com o tempo, como quem deixa secar os cabelos fio por fio na umidade relativa do ar
Sei também que se tentasse segurar o vento pela curva, na exata passagem do sétimo para o oitavo andar, perceberia que mesmo os cabos têm trajetória fixa, o que não chega a lhes causar mal algum
Mas não devo me preocupar mais do que o que a situação exige
Se meus sonhos são sempre acerca de mim mesma
Por que não deitar minha cabeça no travesseiro com suavidade?
Afinal há alguma coisa que se pareça mais com o dia de hoje?